segunda-feira, 3 de junho de 2019

O BOLSONARISMO E SUA AUTOFAGIA, POR CARLOS AFONSO QUIXADÁ

O Brasil passa por momentos difíceis (crise política, econômica e social). 
O término do processo eleitoral parece não ter pacificado os espectros políticos (extrema direita versus extrema esquerda), o conflito e a guerra entre tais facções coloca em xeque, todos os dias, o regime democrático, este conquistado a duras penas.
 O Bolsonarismo, como denominam os analistas políticos, alusão a sua principal figura, o atual Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, vive um momento de autofagia, pois os seus integrantes capitaneiam crises políticas entre si, sem nenhuma relevância, produzindo incertezas e instabilidades quanto a possibilidade de construção de um futuro próspero para o país.
Lembro aos leitores atentos que a autofagia nos remete a ideia de alimentar-se da própria carne, ou para a biologia significa um processo de autodestruição celular. Pois bem, o Bolsonarismo, como relatado em linhas anteriores, passa por um processo de autodestruição, veja a crise produzida, sem qualquer razão, pelo filho do Presidente, Carlos Bolsonaro, que resultou na queda do Ministro Gustavo Bebianno.
A condução do Ministério das Relações Exteriores, que tem a frente o Sr. Ernesto Araújo, parece tomar rumos sombrios, lembremos da tentativa de transferência da Embaixada Brasileira de Tel Aviv para Jerusalém, incitando uma crise internacional com os Palestinos, afetando, sobremaneira, as relações comerciais com os árabes. Além do mais, as declarações infundadas sobre o nazismo (como se fosse um movimento de esquerda), inclusive rechaçadas por autoridades alemãs, tendo em vista ter sido, indubitavelmente, um movimento de extrema direita.  
A diplomacia brasileira, que fora motivo de orgulho em todos os governos pretéritos, inclusive em seus momentos áureos com a celebração de tratados que foram responsáveis pela atual configuração territorial do Brasil, como o Tratado de Madri de 1750 e o Tratado de Petrópolis de 1903, este que teve uma forte atuação diplomática de um dos nossos maiores nomes, José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco, passa por crises internas, já que muitos de seus quadros (diplomatas de carreira) não concordam com a condução exótica do Itamaraty, como foi o caso da perseguição contra o Embaixador Paulo Roberto de Almeida, que foi exonerado da Presidência do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais.
A guerra travada entre olavistas e militares, que tem como pano de fundo o ataque, cotidiano, do astrólogo, Olavo de Carvalho, que mais parece um lunático, ao proferir palavras esdrúxulas contra as Forças Armadas, na figura dos Generais, Santos Cruz e Hamilton Mourão (Vice-Presidente), sem qualquer motivação idônea.
Segundo o saudoso Carlos Drummond de Andrade, “Dialogar é dizer o que pensamos, e suportar o que os outros pensam”. Nunca o diálogo foi tão difícil, até pouco tempo, o Presidente da República incentivava o conflito e a instabilidade com o Parlamento Brasileiro, se recusando a dialogar, em um ato de criminalização da política, do pluralismo e dos valores democráticos.
Dessa forma, chegamos a um momento único da história política brasileira, as crises não são criadas pela oposição, esta mais parece sem rumo em suas discussões internas, mas sim pelos próprios membros do Bolsonarismo, que não têm um projeto de governo, nem de país, se perdendo apenas na sua autofagia, onde a ênfase é a radicalização da vida.
Carlos Afonso Quixadá (Advogado OAB/CE 31.162)