sexta-feira, 21 de junho de 2019

SUICÍDIO: É PRECISO SABER FALAR SOBRE O ASSUNTO

A cidade de Camocim já registrou 9 casos de suicídio em 2019. 
Os dois últimos, de um homem e uma mulher, respectivamente, ocorreram nas últimas 48 horas. 
O assunto tem sido recorrente nas ruas, principalmente por meio das redes sociais. 
Na maioria das vezes, infelizmente, há apenas a curiosidade sobre quem cometeu, de que forma e por qual motivo. 
O suicídio ainda é exposto de forma sensacionalista no país. Em Camocim não é diferente. 
Conforme informações da cartilha “Suicídio: informando para prevenir”, produzida pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), existem dois fatores de risco principais para o suicídio:
Tentativa prévia: Pessoas que já tentaram tirar a própria vida têm de cinco a seis vezes mais risco de tentar outra vez. Estima-se que metade daqueles que se suicidaram já tinham tentado antes.
Doença mental: Quase todos os indivíduos que se mataram tinham algum transtorno mental, em muitos casos não diagnosticado, não tratado ou não tratado de forma adequada.
Os transtornos psiquiátricos mais comuns incluem depressão, transtorno bipolar, alcoolismo e abuso/dependência de outras drogas, transtornos de personalidade e esquizofrenia. 
Pacientes com múltiplas comorbidades psiquiátricas têm um risco aumentado, ou seja: quanto mais diagnósticos, maior é a vulnerabilidade. Existem ainda fatores desencadeantes, como desesperança, impulsividade, isolamento social e falta de um sentido na vida.
De acordo com o dr. Mauro, na grande maioria dos casos é possível identificar uma progressão que conduz uma pessoa desde a ideação (o pensar no ato) até a efetivação do suicídio: em um primeiro momento, não existe a ideia de se matar, mas sim um pensamento vago de que seria melhor morrer; depois, vem a ideação (o pensamento de se matar para aliviar seu sofrimento), seguida de pesquisas sobre como fazer isso; em muitos casos, a pessoa informa seus entes próximos e, por fim, executa o ato.
Ele afirma que é possível interromper esse processo com orientações e tratamento médico e psicológico. Os familiares podem e devem falar sobre o assunto e tentar avaliar em que momento o paciente pode estar. 
Perguntar sobre o desejo de morrer não é indutor de suicídio. Muito pelo contrário, pois quando você dá oportunidade para a pessoa falar, ela conta com uma referência de acolhimento e auxílio que não tinha antes”, conclui o médico.
Os sinais de alerta incluem: falar sobre o suicídio (ou frases relacionadas, como “eu gostaria de estar morto” ou “eu não queria ter nascido”); ausência ou abandono de planos futuros; isolar-se de contato social; apresentar grandes mudanças de humor (estar eufórico em um dia e profundamente desencorajado em outro); ter atitudes arriscadas, como dirigir de forma imprudente ou entrar em brigas; e dizer adeus aos amigos e familiares como se não fosse vê-las novamente. “Os sinais nem sempre são óbvios e podem variar. Não representam o diagnóstico em si, podendo nem estar presentes ou estar presentes e não indicarem necessariamente risco de suicídio. 
Mas como são comumente associados ao perfil, vale a pena observá-los. Alguns deixam suas intenções claras, enquanto outros mantêm os pensamentos suicidas e sentimentos ocultos”, revela o dr. Claudio Duarte, psiquiatra do Hospital Santa Mônica, em São Paulo.
Sobre como agir ao saber de alguém que esteja com pensamentos suicidas, você pode comunicar o fato a qualquer unidade básica de saúde, UPA 24 ou ao Caps. Tais órgãos têm a obrigação de investigar a informação e tomar as medidas cabíveis. 
Postado por Tadeu Nogueira às 12:25h
Com informações de Drauzio Varella