quinta-feira, 5 de junho de 2025

JOTA CABELEIREIRO E A LUTA POR JUSTIÇA AMBIENTAL EM GRANJA

Neste 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, o município de Granja, no interior do Ceará, deve resgatar a memória e o legado de Jota Cabeleireiro — ativista ambiental, assassinado em 2019, em Fortaleza. 

Seu trabalho unia ações social e luta por justiça ambiental, tornando-o uma figura única na cena local e uma das vozes mais combativas na defesa da natureza e da dignidade humana na região.

Mais do que um profissional da estética, Jota era um agente de transformação. 

Em 2016, por exemplo, lançou o projeto “Muda Apadrinhada”, que propunha um pacto simples e poderoso entre empresa, cliente e natureza (abaixo segue uma postagem dele apresentando o projeto): 

“O salão Jota Cabeleireiro apresenta aos clientes e à população granjense o início de seu projeto MUDA APADRINHADA, que passará a valer a partir do dia 03/01/2017, no intuito de estabelecer parcerias com todos. Proporcionando fortalecimento da relação empresas–meio ambiente–população. O cliente que apadrinhar uma muda, receberá desconto no serviço deste estabelecimento. Curta, compartilhe, participe.”
(Publicação de Jota no Facebook – 23/11/2016)

A ação unia cuidado com o corpo e com a cidade: cada árvore adotada pelos clientes era símbolo de resistência e pertencimento. O projeto ganhou adesão da comunidade local e se somava a outras ações conduzidas por Jota, como campanhas de limpeza urbana, denúncias de desmatamento e ocupação irregular de áreas verdes.

Além das ações práticas, Jota também se destacava pela crítica política — especialmente através da personagem Fiorela, uma galinha inflável usada para escancarar descasos da gestão pública e cobrar políticas ambientais mais eficazes. 

Sua atuação nas redes sociais tinha impacto direto na opinião pública granjense e incomodava setores políticos locais.

Em 2019, Jota foi assassinado dentro de seu salão de beleza no bairro Conjunto Ceará, em Fortaleza. O crime ainda não foi solucionado.

No contexto do Dia Mundial do Meio Ambiente, sua história ganha ainda mais relevância. A morte de Jota escancara os riscos enfrentados por ativistas ambientais no Brasil, país que ainda lidera rankings de violência contra defensores da terra e da natureza.

Enquanto o Ceará enfrenta desafios como o desmatamento, a degradação de nascentes e o avanço urbano desordenado, vozes como a de Jota seguem fazendo falta — mas também ecoando em movimentos populares, educadores e jovens que se inspiram em sua trajetória.

A semente que Jota plantou segue brotando em Granja. Sua luta por justiça ambiental não foi interrompida. Foi multiplicada. Com informações do Granja Ceará. 

Lá vou eu: e a pergunta "quem matou e quem tinha interesse na morte do Jota" segue ecoando. O assunto é tabu entre os poderosos de Granja. Nenhum deles gosta desse tema. 

Por Tadeu Nogueira