Oficialmente, o seu nome é Praça Francisco Nelson, mas, para o povo de Camocim, ela será, sempre, a Praça do Cruzeiro.
Embora seja merecida a homenagem concedida ao ex-prefeito, ficou assim popularizada, tendo em vista a presença, naquele logradouro, do chamado Cruzeiro do Século.
A tradição desta praça sempre esteve estreitamente ligada à história do Cruzeiro Sport Club, um dos mais tradicionais times de futebol, do Camocim de outros tempos, haja vista que o Bairro do Cruzeiro, além de ser o principal reduto de sua grande legião de torcedores, abrigava estrategicamente na sua praça, a sua sede social.
Fundado na década de l940, o Cruzeiro Sport Club teve como um de seus primeiros Presidentes o José Linha Fina, que se destacou, também, como um dos grandes jogadores do futebol camocinense.
E como se não bastasse, José Linha Fina era o genitor do grande center-half Raimundo Sousa Linha Fina, que também fazia parte do plantel cruzeirense, tendo, posteriormente, transferindo-se para o Calouros do Ar, em Fortaleza, onde se sagrou Campeão Cearense de 1955.
Além dos citados craques, curiosamente pai e filho, com atuações em épocas que se avizinharam, outros grandes nomes fizeram parte do elenco rubro-negro, destacando-se o centro-avante João Pinto; o half direito João Eleodoro, os goleiros Nazareno, o Chagas Có e o Eurico; o José Maria Preto; o lateral direito Manoel Roseno, que jogou, também, pelo Paraná; o lateral esquerdo Ribamar; o volante Sebastião Marques, conhecido como Sebastião Perna Grossa, irmão do goleiro Eurico; o lateral direito Cazumbi, que jogou, também, pelo Paraná, onde iniciou no futebol, mas, jogou sua última partida defendendo as cores do Cruzeiro; o lateral esquerdo Pepeta; o grande centro avante Zé Olhinho; o atacante Zé Totinha; o centro avante Cabo Silvano; o João Laurindo Meneses, conhecido como Quebrado, apelido adquirido na infância, quando quebrou um dos braços ao cair de uma árvore; os irmãos Juval e Esgrila; o Josias Sales, que participou da Seleção Camocinense de 1963; o centro avante João de Araújo, conhecido por Dão; o half esquerdo Chico Abdon; o ponta esquerda Chico Dunga, que também jogou pelo Paraná; o half esquerdo Manduca Tapioca e o grande zagueiro direito Francisco Laurindo Meneses, conhecido como Passaqui.
Este último, que ainda hoje é lembrado como um dos melhores zagueiros do querido time rubro-negro, começou a jogar pelo Cruzeiro em l948, encerrando sua carreira futebolística em 1963, jogando pelo mesmo clube e pela Seleção Camocinense.
O Passaqui jogou por um período de alguns meses no Calouros do Ar, mas não visualizou muitas esperanças diante das condições que lhe foram oferecidas, tendo, assim, desistido de tentar o seu futuro no futebol da Capital Alencarina.
O craque voltou à sua terra e deu continuidade à sua vida modesta e feliz, jogando pelo Cruzeiro, o seu time de coração, e dando sua contribuição à nossa Seleção. Paralelamente ao futebol, que foi sua grande paixão, exercia a sua profissão de marchante, o que ainda realiza até os dias de hoje, no Box número nove do Mercado da Carne, em Camocim.
Lamentavelmente, são raríssimos os registros encontrados sobre os grandes feitos do valoroso “esquadrão cruzeirense”, de tantos apaixonados torcedores, o qual, em época distante, exibiu na camisa rubro-negra de alguns de seus uniformes, a memorável Cruz-de-Malta.
Texto extraído do livro "Outros Tempos", de José Maria Trévia