Finalmente começaram as campanhas eleitorais em Camocim. Até reunião com cara de comício já aconteceu. As visitas aos eleitores estão a “mil por hora” e toda aquela movimentação de gráfica, estúdio de som, santinhos, fotos para cartazes, pinturas de muros e etc., comuns em inicio de campanha, está acontecendo na cidade. O barulho dos carros de som ainda é discreto, talvez pelo alto custo dos combustíveis. Tomara que vá assim até o fim, pois tem hora que toda essa aporrinhação enche o saco. Mesmo com poucos dias de liberação, e ainda meio tímidas, as indefectíveis musiquinhas de apoio aos candidatos estão no ar, seja na Internet ou em carros de som dos partidos e de eleitores mais empolgados, os famosos babões, aqueles que têm como lema a frase “quem não puxa saco, puxa carroça”. Enfim, começa oficialmente a “caça ao voto”. Um esporte difícil e que exige astúcia e muita paciência, principalmente para os mais pobres e inexperientes candidatos a vereador, que sonham com o reconhecimento popular, sem apoio financeiro de familiares ou padrinhos políticos ricos. Ou seja: candidatos lisos. É uma rotina cruel:
- Acorda menino! Já são seis horas! Te levanta pra começar a pedir voto! Foi você que inventou essa história de ser vereador. Tá pensando o quê? Dr. Fulano uma hora dessas já visitou três casas!
- Tá cedo ainda mãe, os “eleitor” ainda tão dormindo!
E assim vai o nosso candidato, de manhã cedo, de porta em porta, todo encabulado, pensando nos pecados que já cometeu na vida e se sentindo morto de arrependido de haver se “metido” nisso.
- Bom dia minha senhora! Meu nome é Palhares sou “canidato” a “veriador” e queria lhe pedir o seu voto de confiança.
- Meu jovem, você de qual lado?
Aí acontece o primeiro grande dilema do pobre candidato. Se ele disser logo “de chapa” que lado é pode perder esse voto.
- Sou do lado de Camocim. Quero trabalhar pela cidade. A senhora escolhe o seu prefeito.
- Mas esse seu partido não é do lado de lá? Se for, nem me peça voto. O deputado arranjou um emprego pro meu falecido avô e até hoje a gente só vota neles.
Aí desmorona o candidato. Como ser independente? Como desvincular seu nome dos candidatos a prefeito? E toca a campanha. Nosso amigo agora vai visitar um cabo eleitoral indicado pela mãe.
- Ôba meu jovem! Sua mãe me falou bem de você. Vamos te ajudar. Só eu posso te arranjar 300 votos! (cabo eleitoral é outro bicho mentiroso). Quanto é que você tem pra gastar?
- Até agora só posso gastar os “mil conto” que a mamãe “disse que vai arranjar” com um agiota.
- Mil reais? Isso aí não dá nem pra cem votos! Mas, vamos fazer o seguinte: depois “cê” traz esse dinheiro aqui que a gente conversa. Não diga pra ninguém que tu tá liso, senão, nem um voto tu consegue, aconselhou o experiente cabo eleitoral. E assim terminou o primeiro dia de campanha do Palhares. Uma decepção. Pela primeira experiência o nosso personagem já percebeu que o negócio é serio e não é para amadores. A seqüência vai ser um grande aprendizado de clientelismo e falsidade. Muitos pedidos de tudo e poucos votos de confiança.
Pois é amigos: são dezenas de candidatos ricos e pobres andando pelas ruas de Camocim e pelos distritos do interior em busca do tão sonhado mandato de vereador. Alguns de carro, outros de moto ou a pé ou de qualquer jeito. O importante é pedir o voto. Se o eleitor já tem candidato certo e gosta de enganar os bestas, fazer o quê? Tem que ir à casa de todos.
O que se observa mesmo é que na grande maioria das eleições, os eleitos são sempre os que têm mais dinheiro. Será que isso tem alguma relação com a chamada troca de votos por favores? Um ou outro candidato popular entra, num lance de sorte ou de muito trabalho, ou ainda, quando os candidatos ricos estão totalmente “queimados” com os eleitores. No mais, vamos continuar observando a movimentação dos candidatos e seus pedidos humildes de votos. De repente, no dia 5 de outubro, você acorda pra realidade e vota num candidato que tenha pelo menos fama de honesto e trabalhador. Só assim a nossa cidade pode melhorar.
- Acorda menino! Já são seis horas! Te levanta pra começar a pedir voto! Foi você que inventou essa história de ser vereador. Tá pensando o quê? Dr. Fulano uma hora dessas já visitou três casas!
- Tá cedo ainda mãe, os “eleitor” ainda tão dormindo!
E assim vai o nosso candidato, de manhã cedo, de porta em porta, todo encabulado, pensando nos pecados que já cometeu na vida e se sentindo morto de arrependido de haver se “metido” nisso.
- Bom dia minha senhora! Meu nome é Palhares sou “canidato” a “veriador” e queria lhe pedir o seu voto de confiança.
- Meu jovem, você de qual lado?
Aí acontece o primeiro grande dilema do pobre candidato. Se ele disser logo “de chapa” que lado é pode perder esse voto.
- Sou do lado de Camocim. Quero trabalhar pela cidade. A senhora escolhe o seu prefeito.
- Mas esse seu partido não é do lado de lá? Se for, nem me peça voto. O deputado arranjou um emprego pro meu falecido avô e até hoje a gente só vota neles.
Aí desmorona o candidato. Como ser independente? Como desvincular seu nome dos candidatos a prefeito? E toca a campanha. Nosso amigo agora vai visitar um cabo eleitoral indicado pela mãe.
- Ôba meu jovem! Sua mãe me falou bem de você. Vamos te ajudar. Só eu posso te arranjar 300 votos! (cabo eleitoral é outro bicho mentiroso). Quanto é que você tem pra gastar?
- Até agora só posso gastar os “mil conto” que a mamãe “disse que vai arranjar” com um agiota.
- Mil reais? Isso aí não dá nem pra cem votos! Mas, vamos fazer o seguinte: depois “cê” traz esse dinheiro aqui que a gente conversa. Não diga pra ninguém que tu tá liso, senão, nem um voto tu consegue, aconselhou o experiente cabo eleitoral. E assim terminou o primeiro dia de campanha do Palhares. Uma decepção. Pela primeira experiência o nosso personagem já percebeu que o negócio é serio e não é para amadores. A seqüência vai ser um grande aprendizado de clientelismo e falsidade. Muitos pedidos de tudo e poucos votos de confiança.
Pois é amigos: são dezenas de candidatos ricos e pobres andando pelas ruas de Camocim e pelos distritos do interior em busca do tão sonhado mandato de vereador. Alguns de carro, outros de moto ou a pé ou de qualquer jeito. O importante é pedir o voto. Se o eleitor já tem candidato certo e gosta de enganar os bestas, fazer o quê? Tem que ir à casa de todos.
O que se observa mesmo é que na grande maioria das eleições, os eleitos são sempre os que têm mais dinheiro. Será que isso tem alguma relação com a chamada troca de votos por favores? Um ou outro candidato popular entra, num lance de sorte ou de muito trabalho, ou ainda, quando os candidatos ricos estão totalmente “queimados” com os eleitores. No mais, vamos continuar observando a movimentação dos candidatos e seus pedidos humildes de votos. De repente, no dia 5 de outubro, você acorda pra realidade e vota num candidato que tenha pelo menos fama de honesto e trabalhador. Só assim a nossa cidade pode melhorar.
Postado por Fernando Veras