A incapacidade do estado na tentativa quase inexistente de ressocialização de presos tem em Camocim um reflexo visto quase a olho nu por toda uma sociedade que contribui, através de altos impostos, para terem o direito, pelo menos na teoria, de viverem em tranquilidade e em harmonia entre si. Constatar em que condições vivem os detentos que se amontoam na celas improvisadas da Delegacia Regional de Polícia Civil de Camocim é um teste duro para quem tiver a sensibilidade à flor da pele. É possível que futuramente algum político demagogo de plantão entre com um projeto pedindo auxílio insalubridade para presos que estão passando por situação semelhante em outras cadeias desse país. Na de Camocim, os procedimentos de investigação se acumulam diante da "nova" função dos policiais civis: A de carcereiros de 17 presos de uma cadeia que já teve 9 fugas de janeiro pra cá. Em uma das celas o "buraco" improvisado para as necessidades fisiológicas está entupido, isso com cerca de 9 detentos num espaço de 8m2. Os colchonetes estavam encharcados, infiltrações por todo lado e um esgoto a céu aberto. Além de não ser o local indicado para manter seres humanos, ninguém em sã consciência cogita a possibilidade de um deles sair "normal" daquilo. O sofrimento causa reações distintas e essa constatação só deixa a sociedade mais apreensiva, afinal, ao saírem, suas mentes oscilarão entre o risco de voltarem a cometer crimes ainda mais graves ou a conscientização do "castigo" medieval recebido. Confira em vídeo, com exclusividade, o relato de um dos detentos da Delegacia de Camocim. Postado por Tadeu Nogueira às 05:15h
Foto: Vando Arcanjo
