Na sua composição Receita de Mulher, Vinícius de Morais faz uma bem humorada, romântica e sintética definição do perfil da figura feminina, mas como de todo uma inteligente analogia. Ele diz ``...que a mulher não perca nunca, não importa em que mundo, não importa em que circunstâncias, a sua infinita volubilidade, de pássaro; e que acariciada no fundo de si mesma; transforme-se em fera sem perder sua graça de ave...``Na trilha de Vinícius temos no século 21, ainda, a tarefa da superação do preconceito, mas temos a mulher com um diferencial competitivo, usando sua inteligência emocional para encarar os desafios do cotidiano. A intuição, a flexibilidade, a criatividade, a competência para lidar com as emoções e com o amor. Visivelmente a mulher continua a ampliar seus espaços em todas as atividades: na vida afetiva, na vida pessoal, na política, nas profissões liberais, no jornalismo, no esporte, na cultura. A mulher aumentou, qualitativamente, seu nível de escolaridade, segundo constatam pesquisadores da Fundação Getúlio Vargas. E, se seguirmos os dados, poderemos encontrar uma nova realidade. Antes, as mulheres reivindicavam contra seus baixos salários em comparação com os dos homens, em atividades semelhantes. Elas foram à luta. Passaram à prática. E, até os primeiros dez anos do novo milênio, segundo o IBGE, a renda média das mulheres chefes de família aumentou 60%. O que antes era uma utopia de igualdade, segue, pouco a pouco, para tornar-se realidade. Mas muito ainda há que se caminhar. As diferenças terão que ser vencidas. E vencê-las, para a mulher, significa cultivar a vida através do ``ser`` e não do ``ter``. Que o diga ainda Vinícius de Morais, no Soneto de Orfeu: "uma mulher que é feita de música, luar e sentimento, e que a vida não quer, de tão perfeita...``
Fátima Catunda é assistente social, mestre em Sociologia e professora da Uece
Postado por Tadeu Nogueira às 09:19h