terça-feira, 16 de dezembro de 2014

SOBRE CAMOCIM... E SEUS PEIXES

Sou do tempo em que meu pai dizia que os peixes de Camocim só iam para outros lugares depois das cinco horas da tarde. Nesta época, o prefeito Setembrino Veras determinava essa lei e fazia com que fosse cumprida. Tinha até uma "cancela" na saída da cidade onde era feita a fiscalização. Ficava próxima da Rua Raimundo Veras. Quem burlasse a lei poderia ser pego por uma dupla de policiais que tinham um jipe como viatura. O peixe confiscado era doado para os pobres.
Resultado disso, tínhamos uma maior quantidade e variedade do pescado à disposição dos consumidores no mercado local. No Blog Camocim Pote de Histórias já escrevemos sobre isso mostrando a estatística do peixe entrado no mercado público nos meses de novembro e dezembro do ano de 1923. Naquele ano, pescada amarela, pescada cobra, bagres e camurupins foram as espécies mais vendidas. Do nosso gostoso e simbólico Coró, só apareceram 66 quilos para os muitos apreciadores. Ou não era época da safra do nosso cobiçado teleósteo (a família do Coró), ou os pescadores de canoas não o disponibilizam para a venda, preferindo ficar com os mesmos para a sua alimentação. 
Nas estatísticas de 2014 que voltam a ser divulgadas através da SMDS e disponibilizadas no site oficial da Prefeitura Municipal de Camocim, os números para o mês de outubro revelam que os peixes trazidos do mar por canoas e botes são outros. Em primeiro lugar a maior oferta dos peixes de canoas é de caícos (peixes pequenos de variadas espécies de valor comercial menor), seguida de sardinhas, guaiúba, cavala e biquara. Já na pesca de bote, onde a grande maioria da produção é exportada, os peixes mais pescados foram: pargos, guaiúbas, carapitangas e cavalas. Como em toda estatística, erros e lacunas podem acontecer. O fato é que nesses novos formulários utilizados, o nosso Coró sequer aparece na relação. 
Carlos Augusto Pereira dos Santos
Historiador
Conheça o Blog do Colunista AQUI