A endometriose — uma doença que acomete 6 milhões
de brasileiras, causa infertilidade em 80% delas e age quase em silêncio,
dificultando o diagnóstico.
Uma vez por mês, os hormônios do ciclo menstrual
fazem com que a camada interna do útero, o endométrio, aumente de tamanho para
esperar uma possível gravidez. Se isso não ocorre, o endométrio descama e é
eliminado em forma de menstruação. Só que, em alguns casos, suas células pegam
o caminho errado e se alojam na cavidade abdominal, grudando-se, por exemplo,
no intestino, nos ovários, nas trompas e na bexiga — o que provoca um processo
inflamatório que caracteriza a enfermidade.
Algumas mulheres passam anos sem saber que têm
endometriose. São, em média, sete anos e cinco médicos diferentes antes do
diagnóstico, conforme o ginecologista Mauricio Abrão, especialista na doença.
— É uma janela longa de sofrimento permeada pelo
desconhecimento — resume o médico responsável pelo setor de endometriose da
Clínica Ginecológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (USP).
De fato, 53% das mulheres brasileiras nunca
ouviram falar na enfermidade, ou seja, desconhecem que exista uma doença desse
tipo, conforme uma pesquisa feita em 2013 pela Sociedade Brasileira de
Endometriose.
O sintoma mais comum é a cólica forte e
prolongada, muitas vezes tida como um sinal normal da menstruação. Por isso,
pouca gente decide investigá-la. Abrão estima que entre 40% e 50% das
adolescentes com cólicas fortes, "aquelas que têm de ser buscadas na
escola porque não aguentam a dor", sofrem de endometriose.
Mas a intensidade da dor pélvica, explica o
especialista em reprodução humana Nilo Frantz, depende de onde estão
localizados os focos de endométrio dentro do abdômen: se estiverem perto de
áreas muito enervadas, como os ligamentos do útero, o desconforto pode ser
muito sério, até incapacitante.
— Em situações mais severas, a mulher pode sentir,
também, dor durante o sexo e desconforto intestinal. Mas a endometriose é um
camaleão: pode se apresentar de várias formas ou até mesmo não ter sintomas —
compara o médico que, semana passada, organizou um simpósio em Porto Alegre
para discutir a enfermidade e a sua relação com a infertilidade.
De acordo com Frantz, a doença, além de alterar o
sistema imunológico, interfere na anatomia das trompas, estruturas responsáveis
por transportar o óvulo até o útero, dificultando a gravidez. Apesar de ser uma
condição benigna, a endometriose, se não for tratada, pode comprometer os
órgãos abdominais a ponto de a mulher perdê-los.
Lá vou eu: Luíza Nogueira, nossa Floquinho, por exemplo, é resultado de uma vitória contra a endometriose.
Postado por Tadeu Nogueira às 21:30h
Com informações do Zero Hora