quarta-feira, 17 de junho de 2015

DIAGNOSTICAR ENDOMETRIOSE CONTINUA SENDO DESAFIO PARA OS MÉDICOS

A endometriose — uma doença que acomete 6 milhões de brasileiras, causa infertilidade em 80% delas e age quase em silêncio, dificultando o diagnóstico.
Uma vez por mês, os hormônios do ciclo menstrual fazem com que a camada interna do útero, o endométrio, aumente de tamanho para esperar uma possível gravidez. Se isso não ocorre, o endométrio descama e é eliminado em forma de menstruação. Só que, em alguns casos, suas células pegam o caminho errado e se alojam na cavidade abdominal, grudando-se, por exemplo, no intestino, nos ovários, nas trompas e na bexiga — o que provoca um processo inflamatório que caracteriza a enfermidade.
Algumas mulheres passam anos sem saber que têm endometriose. São, em média, sete anos e cinco médicos diferentes antes do diagnóstico, conforme o ginecologista Mauricio Abrão, especialista na doença.
— É uma janela longa de sofrimento permeada pelo desconhecimento — resume o médico responsável pelo setor de endometriose da Clínica Ginecológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
De fato, 53% das mulheres brasileiras nunca ouviram falar na enfermidade, ou seja, desconhecem que exista uma doença desse tipo, conforme uma pesquisa feita em 2013 pela Sociedade Brasileira de Endometriose.
O sintoma mais comum é a cólica forte e prolongada, muitas vezes tida como um sinal normal da menstruação. Por isso, pouca gente decide investigá-la. Abrão estima que entre 40% e 50% das adolescentes com cólicas fortes, "aquelas que têm de ser buscadas na escola porque não aguentam a dor", sofrem de endometriose.
Mas a intensidade da dor pélvica, explica o especialista em reprodução humana Nilo Frantz, depende de onde estão localizados os focos de endométrio dentro do abdômen: se estiverem perto de áreas muito enervadas, como os ligamentos do útero, o desconforto pode ser muito sério, até incapacitante.
— Em situações mais severas, a mulher pode sentir, também, dor durante o sexo e desconforto intestinal. Mas a endometriose é um camaleão: pode se apresentar de várias formas ou até mesmo não ter sintomas — compara o médico que, semana passada, organizou um simpósio em Porto Alegre para discutir a enfermidade e a sua relação com a infertilidade.
De acordo com Frantz, a doença, além de alterar o sistema imunológico, interfere na anatomia das trompas, estruturas responsáveis por transportar o óvulo até o útero, dificultando a gravidez. Apesar de ser uma condição benigna, a endometriose, se não for tratada, pode comprometer os órgãos abdominais a ponto de a mulher perdê-los. 
Lá vou eu: Luíza Nogueira, nossa Floquinho, por exemplo, é resultado de uma vitória contra a endometriose. 
Postado por Tadeu Nogueira às 21:30h
Com informações do Zero Hora