sábado, 3 de abril de 2021

A GUERRA IMPROVÁVEL, O EXÉRCITO QUE NÃO IMAGINEI

Desde criança, sempre gostei de acompanhar fatos internacionais, principalmente guerras. 
No início dos anos 80, eu esperava ansioso pela chegada diária do Jornal O Povo, único meio de saber com precisão os últimos movimentos de conflitos como Irã-Iraque, guerra do Líbano, entre outros.

Daí, após a leitura do impresso e acompanhamento dos telejornais noturnos, me pegava a divagar sobre o que aconteceria se fôssemos atacados em Camocim.

Imaginava, por exemplo, de que forma iríamos nos defender em caso de guerra, até porque, tendo uma gigante faixa de praia, somos vulneráveis por natureza.
E olha que imaginação de menino nessas horas reina.

Pensava no Tiro de Guerra, mas aí via cada atirador "tisgo", amarelo, que eliminava logo a opção. Daí pensava na PM, porém, ao lembrar, vinha logo à mente o camburão, uma Veraneio "só os queixo", quebrando resguardo de mulher.

Me apegava então à Marinha do Brasil, representada na cidade pela Agência da Capitania dos Portos. Mas o problema dessa vez era o efetivo. Não chegava a 6 militares.
Ainda com a tinta do jornal entre os dedos, eu sempre chegava a seguinte conclusão: se a guerra chegasse por aqui, estaríamos lascados.

Hoje, aos 50 anos, me vejo em meio a uma guerra que já dura pouco mais de um ano. Ela não veio da forma como meu pensamento juvenil imaginava. Não há canhões, fuzis, tanques ou encouraçados singrando nossa barra do Coreaú. O inimigo é invisível, impiedoso, sorrateiro, covarde e letal.

Já sobre nossas atuais defesas, o "Tadeu menino" jamais iria imaginar que teria que listar um dia, para nossa linha de frente, um exército vestido de branco, formado por destemidos profissionais da saúde, armado de seringas, respiradores, cateteres, sondas e muito, mas muita empatia e fé em Deus, nosso comandante supremo.
Esse exército é a única barreira que nos separa do inimigo na hora do embate. Estamos entrincheirados. Portanto, todo nosso respeito a cada um desses "soldados da vida".

Por Tadeu Nogueira