sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

CASO MATEUS: ONDE HOUVER ÓDIO, QUE EU LEVE O AMOR

Por Paulo Emanuel Lopes*

E apedrejaram a Estêvão que em invocação dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito. E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu”. Atos 7:59, 60.

Vivemos tempos difíceis e muito distantes dos ensinamentos de Jesus. Infelizmente. O assassinato de Mateus na Delegacia de Polícia Civil, definitivamente, não é assunto que eu gostaria de escrever sobre, porque não há ponto de vista positivo, por nenhum lado que se observe. Sofre a família do Mateus Silva Cruz. Sofre a família do policial George Tarick. Sofre toda a cidade de Camocim.

Estêvão foi um dos primeiros cristãos e morreu de forma horrível, apedrejado, apenas por defender o amor incondicional pregado por Nosso Senhor Jesus Cristo. Eu, de antemão, peço licença aos envolvidos e rezo para, com esse texto, não ofender ninguém. 
Mas assim como Estêvão não se omitiu de pregar o amor, eu também não devo fugir da minha missão Cristã de pregar a concórdia.

Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver dúvidas, que eu leve a fé”. Oração de São Francisco. 

Primeiro desejo à família e aos amigos de Mateus a Paz de Espírito. Ser vítima de uma injustiça enche nossos corações de ira e arranca o chão de nossos pés. Não dá para fugir da indignação. Matheus foi assassinado enquanto estava sob custódia do Estado, dentro de uma delegacia. Independente do mal que tenha feito, ele não merecia perder a vida. No Brasil não há pena de morte. 

Por outro lado, indo contra todas as notícias e análises em torno do assassinato do jovem, eu peço também orações por George Tarick e sua família. Ele possui apenas 33 anos e, em uma única noite, tomou uma atitude que vai influenciar negativamente pelo resto da sua vida. Muito provavelmente vai perder o emprego que estudou muito para conseguir. As lembranças daquela noite tão infeliz vão segui-lo para sempre. 

Muitos costumam dizer que direitos humanos são desculpa para proteger bandido. Não acreditem nisso! Direitos humanos não são para “humanos direitos”, mas para todos que precisam. E nesse momento, são as duas famílias que precisam de nossas orações. Nenhum ódio, nenhum sentimento de vingança trará o Matheus de volta para sua família, para seus amigos. 

Então Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? Jesus lhe disse: Não te digo que até sete; mas, até setenta vezes sete”. Mateus 18:21, 22.

Com isso não estou defendendo que todos esqueçam de tudo, como se uma coisa horrível dessas não tivesse acontecido. Nada que se faça, ou se deixe de fazer, irá diminuir a dor de um pai que olha para a cama do filho e sabe que ele nunca mais estará ali.

O caso precisa ser apurado rigorosamente e os envolvidos, punidos. Para que uma mensagem clara seja enviada aos policiais: vocês têm o direito de andar armados (e precisam, claro!), mas não têm o direito de agir acima da Lei. 

Aqui  não estou criticando a Polícia, muito pelo contrário, estou lutando pela preservação da Instituição! É exatamente pelo respeito à boa imagem da Polícia do Estado do Ceará que, neste momento de dor, devemos cobrar rigor na apuração.

Como agentes que defendem a sociedade, vocês têm uma responsabilidade enorme de agir corretamente, porque são exemplos. Hoje em dia as crianças olham para vocês com carros novos, fardamento bonito e bons salários e dizem: queremos ser policial! 
Por favor, utilizem esse poder para o bem. 

*É Jornalista e Publicitário. Escreve às sextas.