sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

MEU PAÍS CEARÁ: PRINCÍPIO ATIVO DA VACINA QUE O BRASIL PRECISA

Por Paulo Emanuel Lopes*

Assisti sábado passado à palestra do ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, em Camocim. Com tema “Desenvolvimento Social no Ceará e no Brasil”, RC acabou, por fim, abordando algo muito mais amplo: qual a solução para os (nem tão) atuais problemas do Brasil, agravados sob este (des) governo federal?

“É como o princípio ativo de uma vacina. E está aqui, no Ceará, a provável cura.”
A resposta pode estar, defendeu o médico e ex-presidente da Assembleia Legislativa, observando-se as mudanças positivas pelas quais o Estado do Ceará passa há décadas.

Não é que nossos problemas tenham acabado. É que as boas notícias abundam.

Vejamos:
Nossas turbinas eólicas já produzem, a partir do vento, o equivalente a 40% da energia consumida no estado - nacionalmente a fonte eólica corresponde a cerca de 11% da demanda nacional.

A energia solar apenas começou, mas já anda a passos largos. Nasceu aqui, em Tauá, a primeira usina solar do Brasil, construída no ano de 2011.

Logo ali, no Porto do Pecém, estão acontecendo, nesse momento, investimentos e pesquisas pioneiras no Brasil para produção de Hidrogênio Verde, tecnologia que promete transformar o mercado internacional de energia. Entre os motivos para a empresa EDP ter escolhido o Ceará estão a localização geográfica favorável à exportação e, não menos importante, o parque de energia renovável (eólico e solar) já instalado no Estado.

Nossa posição no globo nos transformou em hub intercontinental de conexões de cabos de internet! O Porto do Pecém e o Aeroporto Pinto Martins tornaram-se equipamentos dos mais estratégicos no continente, interligando boa parte da América do Sul à África, Europa e Estados Unidos.

Fortaleza se consagrou como destino turístico internacional - status, aliás, que Jericoacoara possui há décadas. Os ventos atraem, anualmente, turistas e competições de vários países interessados no melhor lugar do mundo para a prática do Kitesurf e do Windsurf.

O Ceará é sede de algumas das maiores empresas do País como Sistema Hapvida (doutor Cândido Pinheiro e filhos são donos da maior operadora de planos de saúde do país, com mais de 7 milhões de clientes); Pague Menos (Deusmar Queirós e família possuem 1.100 farmácias distribuídas por todos os estados da nação).

M. Dias Branco (uma das maiores empresas de massas do país); J. Macêdo (1ª marca nacional de farinha de trigo); Shopping Iguatemi (Carlos Jereissati); Nacional Gás, Esmaltec (herdeiros de Edson Queiroz).

Casa dos Ventos (Mário Araripe vendeu a Troller e multiplicou o dinheiro com eólicas); Arco Educação (Ari e Oto de Sá Cavalcante começaram com colégios, fundando posteriormente a empresa bilionária, que possui ações listadas na bolsa de Nova York); Brisanet (José Roberto Nogueira recém ingressou no seleto clube do bilhão).

Somos de longe, segundo a revista Forbes, o estado do nordeste com mais bilionários.

Estão no Ceará as melhores escolas públicas do país, ensino básico ou médio, aponta seguidamente o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).

Uma curiosidade: nos últimos cinco anos, o Ceará abocanhou 44% das vagas oferecidas pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA). Prestigiada escola de engenharia do país, o ITA possui uma das seleções mais difíceis de ingressar, e o Ceará é destaque lá há bastante tempo.

Até no futebol estamos bem! Os principais times do Estado, Fortaleza e Ceará, estão na série A e com bons resultados. Em 2022, os dois times cearenses serão os únicos do nordeste na divisão de elite do Campeonato Brasileiro - Bahia e Sport foram rebaixados.

Há, sem dúvida, algo de bom acontecendo nessas terras pisadas por Vicente Pinzón.

Roberto Cláudio citou dois pontos que explicariam, ao menos em parte, os bons resultados que estamos alcançando. 
O primeiro é que a nossa geografia, historicamente uma fonte de problema (secas, poucos rios, solos não adequados para agricultura, inconstância de chuvas), tornou-se, por ironia do destino, grande aliada. 
A segunda razão, arriscou RC, seria a estabilidade política vivida pelo Estado há quase 40 anos. O governante seguinte não quis destruir o que fez o antecessor. Essa seria a vacina que o Brasil precisa.

O equilíbrio fiscal em nosso estado é destaque nacional. Ao contrário de outras federações da República, há décadas, desde os governos Tasso, o Estado paga rigorosamente em dia os salários dos seus servidores, mantendo em paralelo uma agenda de investimentos públicos. E claro, em decorrência do ambiente político positivo, também seguem aquecidos os investimentos privados. 

Os anos Tasso foram marcados pela reforma administrativa e melhora nos índices de saúde. Os anos Cid pela grande evolução na educação. Os anos Camilo pela continuidade das políticas públicas e equilíbrio fiscal, especialmente após a chegada da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) - a multinacional é uma das maiores contribuintes do Estado.

(Aliás, pesquisei aqui e vi que o Ceará arrecadou, em 2021, a bagatela de R$ 22 bilhões em impostos. É muito dinheiro!) 

Estamos falando da política, esse bode expiatório que o estúpido (e esdrúxulo) atual presidente falou tão mal e, depois de eleito, se abraçou e lambuzou. Falsos heróis são assim, precisam criar inimigos para justificarem sua existência inútil.

Entendo que RC estava vendendo o peixe dele, mas baseado em fatos que a história corrobora, ele está, ao menos, parcialmente correto: o atual cenário cearense é também fruto da continuidade administrativa e equilíbrio político de um projeto que se iniciou em 1985, com Tasso Jereissati, e segue até hoje.
*é Jornalista e Publicitário. Escreve às sextas.