sexta-feira, 4 de março de 2022

OS BOLSONARISTAS DE CAMOCIM: ARMAS, DEUS E A DESTRUIÇÃO INSTITUCIONAL DO BRASIL

Por Paulo Emanuel Lopes*

"Que não saia de minha boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem." Efésios, 4:29

Surpreendeu muito a foto que recebi do vereador Mário Roberto encontrando-se, em Fortaleza, com o Deputado Federal Heitor Freire. Mas se bem que, observando os caminhos que seu lado político vem tomando em Camocim, vejo que faz todo sentido. Infelizmente.

Abrindo o Instagram do deputado vemos fotos do Heitor Freire, novo amigo de Mário Roberto, com armas e mais armas. Apologia à paz e à vida não parece ser. Cruzando a militância católica do vereador camocinense com a foto, lembrei-me de uma passagem:

“Mas os mansos herdarão a terra, e se deleitarão na abundância de paz.” Salmos 37:11

Na foto, uma bandeira de Israel remonta ao povo que escreveu a passagem acima. Não sou judeu, sou cristão, por isso não me sinto ligado àquela terra, àquele povo. Eles são nossos irmãos e merecem todo nosso respeito, assim como merecem os islâmicos, budistas, hinduístas… Porque assim disse o Senhor a Ananias, na conversão do Apóstolo Paulo:

“Disse-lhe, porém, o Senhor: Vai, porque este é para mim um vaso escolhido, PARA LEVAR O MEU NOME DIANTE DOS GENTIOS, e dos reis e dos filhos de Israel.” Atos 9:15

Há políticos e sacerdotes brasileiros se aproveitando da necessidade do povo comum de seguir ícones e símbolos para angariar votos e apoios. Este é o caso de Heitor Freire que, ao usar a bandeira de Israel, busca atrair os votos de cristãos inocentes de boa índole, que acham que aquele país Sionista, de hoje, é o mesmo povo de 2 mil anos atrás.

Cuidado com os bezerros de ouro, vereador Mário Roberto. Estes nos tiram o foco do amor e da compaixão, única Lei deixada por Jesus.

Heitor Freire era um desconhecido até que observou que o ódio empreendido pela elite brasileira contra o Partido dos Trabalhadores (PT) estava se tornando uma oportunidade política: era o nascimento da extrema-direita.

Não estamos falando da nossa direita tradicional, dominada por partidos como PSDB (Fernando Henrique, Tasso Jereissati), PMDB (Michel Temer, Eunício Oliveira) ou DEM (antigo PFL). Estamos falando de um pessoal louco que quer pegar em armas para instalar uma nova ditadura armada no Brasil, seguindo o mesmo roteiro de 1964: o medo do comunismo (hoje, em versão atualizada, o “medo ao PT”).

Acontece que o comunismo já morreu, tanto que todas as nações que seguem esse “modelo” precisam, uns mais outros menos, se moldar às regras do mundo. Mas o bolsonarismo no Brasil é o seguinte: enquanto inspiramos o medo do comunismo, admiramos regimes sanguinários como Vladimir Putin (Rússia), Hugo Chávez (Venezuela), o príncipe da Arábia Saudita, além, claro, a Israel sionista.

Bolsonaro é um cara que, enquanto todo mundo buscava salvar a população de uma mortalidade ainda maior, trabalhou pelo espalhamento da Covid-19 em plena pandemia mundial. E sabe porque ele não queria que as pessoas ficassem em casa? “Se acabar a economia, acaba qualquer governo”, falou no início da pandemia, confessando que sua preocupação com emprego não era com o dos outros.

Você perdeu algum parente, amigo na pandemia? Essas mortes aconteceram na primeira ou na segunda onda, porque nesta terceira (início deste ano de 2022) estávamos todos vacinados e a UPA e o Hospital não lotaram. Já pensou se seu parente ou amigo tivesse se vacinado à tempo? Lembra de quem não quis comprar vacina e só resolveu agir após a CPI da Covid-19? (E mesmo depois de comprar, ainda ficou boicotando?)

Seguindo o script armas-mentiras-confusão-pobreza da extrema direita, Bolsonaro ainda não vai aceitar o resultado das eleições brasileiras deste ano. Muito provavelmente ele irá perder sua reeleição em outubro, no segundo turno, para qualquer nome que chegar lá. Ai seguirá a lição deixada por Trump nos EUA: diga que houve fraude, que as urnas não são confiáveis, que a “esquerda” está querendo tomar o poder à força (exatamente o que ele está planejando) e plante a discórdia.

Sabe quem perde com toda essa confusão? Você.

Porque a economia vai ficar pior ainda. O Brasil vai ficar (ainda mais) mal visto no exterior. Com isso, nossos títulos ficam “mais caros” (pagamos mais juros para rolar a dívida pública) e o Real perde valor (as mercadorias ficam mais caras). Sem falar na possibilidade de confrontos nas ruas entre defensores do perdedor e da Democracia.

(No meio de toda confusão, ganha quem tem mais armas. Entendeu a jogada? O Brasil precisa é de paz…)

Aliás, sabe quem manda hoje no orçamento do Brasil? O presidente da Câmara dos Deputados. Sabe porquê? É o preço que Bolsonaro paga para Arthur Lira não abrir um processo de impeachment contra ele, por conta dos crimes cometidos na pandemia, entre outros (detalhe: Dilma caiu, Temer e Bolsonaro não).

E toda essa confusão que vive nosso Brasil, hoje, só é possível graças aos apoios que Bolsonaro e seus comparsas arranjam na classe política país afora.

Mário Roberto, com esse apoio a Heitor Freire, você torna-se cúmplice da destruição institucional (e do nosso bolso, portanto) que Bolsonaro prepara para o Brasil.

*É Jornalista e Publicitário. Escreve às sextas.

P.S. Lá no início do texto eu disse “infelizmente”. Porque o vereador Mário Roberto é alguém que teria tudo para contribuir positivamente com Camocim. Um cara que estudou, que foi professor. É triste ver sua mudança de postura rumo à barbárie.