segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

BOLSONARO IGNOROU AO MENOS 21 PEDIDOS DE AJUDA A POVOS YANOMAMI

O governo Bolsonaro ignorou ao menos 21 pedidos formais de ajuda aos Yanomami. 

O levantamento é de uma reportagem do The Intercept Brasil, de agosto do ano passado, que tomou como base ofícios encaminhados por uma associação indígena a diversos órgãos, denunciando invasões de garimpeiros ao território indígena.

Nas peças encaminhadas à Funai, Ministério Público e Exército, a Hutukara Associação Yanomami já alertava que os conflitos poderiam “atingir a proporção de genocídio”. 

Segundo a reportagem, em 12 de maio de 2021, os indígenas enviaram um ofício urgente para a Primeira Brigada de Infantaria da Selva do Exército, solicitando “apoio logístico e instalação de posto emergencial na comunidade de Palimiu para manutenção da segurança na região”. 

No mês seguinte, outro ofício de urgência, dessa vez direcionado à Funai, ao Exército e à Polícia Federal, com relatos de um ataque armado. O Ministério da Justiça chegou a autorizar o uso da Força Nacional na época, mas os ataques não cessaram.

A desconsideração dos ofícios da Hutukara é uma amostra da postura de Jair Bolsonaro (PL) sobre a questão indígena. Sob o seu governo, as terras terras indígenas viraram alvo de atividades ilegais, como garimpo e grilagem. Dados do Mapbiomas revelam que o garimpo ilegal foi responsável pela destruição de 15 mil hectares das terras indígenas em geral, só em 2021. Àquela altura, o número já representava a maior expansão em 36 anos. Dados da Hutukara mostram que, também em 2021, o garimpo na TI Yanomami cresceu 46% em comparação a 2020.

a Associação Wanasseduume Ye’kwana, apontou que o garimpo ilegal na TI Yanomami afetava diretamente 56% da população indígena. Na última sexta-feira 20, o Ministério da Saúde decretou emergência em saúde pública em decorrência da desassistência ao povo Yanomami. De acordo com a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, ao menos 570 crianças Yanomamis morreram de fome por contaminação por mercúrio, nos últimos quatro anos, em decorrência direta da atuação de garimpeiros ilegais.

Por Tadeu Nogueira 
Fonte: Carta Capital