Um estudo publicado na revista Nature mostra uma importante descoberta sobre o câncer de mama: o porquê as células cancerígenas que se espalham para os pulmões podem acordar após anos de sono e formar tumores incuráveis.
Também sugere uma estratégia para desarmar essa “bomba relógio”. “Este é um avanço empolgante em nossa compreensão do câncer de mama – como e por que as células do câncer de mama formam tumores secundários nos pulmões”, diz Clare Isacke, professora de Biologia Celular Molecular no Instituto de Pesquisa do Câncer.
Segundo a pesquisa, pacientes com o tipo mais comum de câncer de mama – receptor de estrogênio positivo (ER+) – têm um risco contínuo de recorrência do câncer em outra parte do corpo muitos anos ou mesmo décadas após o diagnóstico e tratamento.
Isso estaria ligado à proteína PDGF-C, que geralmente aumenta sua quantidade nos pulmões à medida que envelhecemos. E são elas que influenciam se as células inativas do câncer de mama permanecem adormecidas ou “acordam”.
Durante o estudo, os cientistas bloquearam a atividade do PDGF-C usando o imatinib, um medicamento para pacientes com leucemia mieloide crônica. Como resultado, o crescimento do câncer secundário – quando as células se espalham para outras partes do corpo – foi “significativamente reduzido”.
“Agora, precisamos identificar quando essas mudanças relacionadas à idade acontecem e como elas variam entre as pessoas, para que possamos criar estratégias de tratamento que impeçam o ‘despertar’ das células cancerígenas”, completa Clare. A pesquisa revela ainda que até 80% dos cânceres de mama primários são ER +, e há cerca de 65 mil casos no Brasil a cada ano.
Por Tadeu Nogueira
Fonte: Veja