terça-feira, 23 de maio de 2023

BRASIL LIDERA RANKING DE PAÍSES ONDE MAIS SE ACREDITA EM DEUS

"Vai com Deus."
"Graças a Deus!"
"Deus me livre."
"Só Deus sabe…"

Deus está sempre na boca do brasileiro, um povo que vive em um país de maioria cristã onde cultura e fé estão intimamente ligadas - das altas esferas de poder ao cotidiano do cidadão comum - e no qual a vida religiosa muitas vezes preenche lacunas deixadas pelo Estado.

Esses são alguns dos fatores que explicam porque o Brasil se destaca quando o assunto é espiritualidade.

Quase nove em cada dez brasileiros dizem, por exemplo, acreditar em Deus, segundo a pesquisa Global Religion 2023, produzida pelo instituto Ipsos.

O índice de 89% de crença em um poder superior coloca o Brasil no topo do ranking de 26 países elaborado pelo Ipsos, com base em uma plataforma online de monitoramento que coleta informações sobre o comportamento destas populações.

O Brasil aparece empatado com África do Sul, que teve os mesmos 89%, e Colômbia, com 86% - um empate técnico dada a margem de erro de 3,5 pontos percentuais da pesquisa.

Holanda (40%), Coreia do Sul (33%) e Japão (19%) foram os países onde a população menos crê em Deus ou em um poder superior, de acordo com a pesquisa.

A Global Religion 2023 é baseada em dados coletados entre 20 de janeiro e 3 de fevereiro, com 19.731 entrevistados, aproximadamente mil deles no Brasil. Não há países islâmicos na amostra, embora pessoas que seguem o islamismo tenham sido consultadas.

Entre os países pesquisados, o Brasil ficou 28 pontos percentuais acima da média na crença em Deus, que foi de 61%.

"No cotidiano brasileiro, as pessoas falam em Deus o tempo todo, é algo comum e normal, e é estranho se alguém reage de forma negativa a isso", diz Ricardo Mariano, sociólogo da Religião e professor da Universidade de São Paulo.

De acordo com a pesquisa do Ipsos, 70% dos brasileiros disseram que acreditam em Deus como descrito em escrituras religiosas, como a Bíblia, o Alcorão, a Torá, entre outros, e 19% acreditam em uma força superior, mas não em Deus como descrito em textos religiosos.

Cerca de 5% dos brasileiros disseram não acreditar em Deus ou em um poder maior, 4% afirmaram que não sabem e cerca de 2% preferiram não responder.

"São dados que estão de acordo com nosso histórico de um país onde a religião e a religiosidade têm uma predominância tanto na cultura e na vida cotidiana quanto nas esferas de poder", diz Helio Gastaldi, diretor de opinião pública da Ipsos no Brasil.

Mas acreditar em Deus não significa necessariamente ser religioso - e o caso brasileiro demonstra bem isso.

Enquanto 89% dos entrevistados no país disseram crer em Deus ou um poder superior, só 76% afirmaram seguir uma religião.

Entre os brasileiros religiosos, 70% disseram ser cristãos (católicos, evangélicos e outras denominações) e 6% são filiados a outras religiões, enquanto 22% disseram não ter uma religião, sendo 16% ateus e 6% agnósticos.

Os dados da Ipsos mostram que a diferença na adesão dos jovens da geração Z (de até 23 anos) e do resto da população adulta a uma religião é bem maior entre os católicos do que entre os evangélicos.

Enquanto 38% dos adultos se declararam católicos, somente 23% dos jovens da geração Z izem aderir à religião - uma diferença de 15 pontos.

Já entre os evangélicos e outros cristãos, o índice geral entre adultos é de 29% e entre os jovens é 26% - ou seja, além de existir uma diferença geracional menor, já há mais jovens evangélicos do que católicos no Brasil hoje, aponta o estudo.

O índice dos sem religião na medição da Ipsos ficou bem acima dos 8% registrados pelo último Censo, de 2010, que, por sua vez, detectou um aumento de 0,7 pontos percentuais em relação ao levantamento anterior (7,3%). Fonte: BBC Brasil 

Por Tadeu Nogueira