sábado, 3 de maio de 2025

EROSÃO - UMA AMEAÇA AO LITORAL BRASILEIRO

A erosão costeira é um fenômeno que afeta significativamente o litoral do Ceará, trazendo consequências tanto para o meio ambiente quanto para a economia local. 

Esse processo natural, intensificado por ações humanas e mudanças climáticas, resulta na perda de faixas de areia e no avanço do mar sobre áreas habitadas e de infraestrutura. 

Estudos recentes indicam que uma parte considerável da costa cearense está em estado crítico de erosão, exigindo medidas urgentes para mitigar seus efeitos.

Entre 1984 e 2020, o litoral cearense perdeu aproximadamente 110 metros de faixa de areia, segundo pesquisa da Universidade Estadual do Ceará (Uece). 

Esse fenômeno tem causado desabamentos de estruturas, rachaduras em imóveis e ameaças constantes aos moradores e comerciantes locais. A Praia do Icaraí, em Caucaia, é um dos exemplos mais alarmantes, onde a erosão costeira tem avançado de forma preocupante.

Quais são as causas da erosão costeira no Ceará?

A erosão costeira no Ceará é resultado de uma combinação de fatores naturais e antropogênicos. O professor Jeivah Meireles, da Universidade Federal do Ceará (UFC), explica que a dinâmica das ondas e a falta de reposição de sedimentos são fatores naturais que contribuem para o problema. No entanto, a ocupação urbana desordenada, a remoção de areia para construções e a interferência em rios e barragens agravam significativamente a situação.

Além disso, as mudanças climáticas têm acelerado o aumento do nível do mar, intensificando o processo erosivo. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) aponta que o nível do mar tem subido a taxas crescentes, o que contribui para a erosão das praias e a destruição de ecossistemas costeiros.

Como está sendo enfrentada a erosão costeira no Ceará?

Para enfrentar os desafios impostos pela erosão costeira, o governo do Ceará, em parceria com a Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima (SEMA) e a Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP), desenvolveu o Plano de Ações de Contingência para Processos de Erosão Costeira (PCEC). Este plano visa implementar medidas de contenção e monitoramento contínuo dos processos erosivos ao longo do litoral.

Entre as estratégias adotadas estão a instalação de estruturas de proteção, como bagwalls e espigões, que ajudam a dissipar a força das ondas e a proteger a orla. No entanto, essas intervenções têm gerado debates sobre sua eficácia e possíveis impactos negativos em áreas não protegidas.

Quais são as áreas mais afetadas pela erosão no Ceará?

O litoral do Ceará, com mais de 570 quilômetros de extensão, abrange 20 municípios, todos afetados em algum grau pela erosão costeira. Os municípios de Acaraú, Caucaia, Camocim, Itapipoca e Amontada são os mais críticos, com várias áreas classificadas como de erosão crítica. Em contrapartida, algumas regiões, como Camocim, apresentam pontos de progradação, onde a linha costeira avança.

O mapeamento realizado pelo PCEC identificou 215 pontos em estado de erosão crítica, o que representa 39% dos locais analisados. Este diagnóstico é essencial para direcionar ações prioritárias e implementar medidas de contenção mais eficazes.

Ações esperadas

O Comitê de Planejamento e Resposta à Erosão Costeira (CPREC) foi instituído para coordenar as ações estratégicas de combate à erosão no Ceará. Este comitê, ainda em fase de formação, será responsável por propor medidas de resposta, monitorar processos erosivos e promover a educação ambiental.

A colaboração entre governos estadual e municipal é fundamental para o sucesso das intervenções. A elaboração de Planos Diretores Municipais é crucial para regulamentar a ocupação do solo e garantir o desenvolvimento urbano sustentável. Somente com um planejamento adequado será possível minimizar os impactos da erosão costeira e proteger as comunidades e ecossistemas costeiros do Ceará.

Por Tadeu Nogueira (com Correio Braziliense)