O julgamento do ex-policial militar George Tarick de Vasconcelos Ferreira, de 37 anos, por matar o jovem Mateus Silva Cruz, aos 19 anos, em fevereiro de 2022, dentro de uma delegacia da Polícia Civil, foi marcado pela Justiça Estadual. O acusado foi demitido da Polícia Militar do Ceará (PMCE), em dezembro de 2023.
A 3ª Vara do Júri de Fortaleza marcou o julgamento para o dia 24 de novembro deste ano, às 9h30. Apesar do crime ter ocorrido na Delegacia Regional de Camocim, o júri foi desaforado (transferido) para Fortaleza em razão de dúvida sobre a imparcialidade dos jurados e para preservar a segurança do réu.
O Ministério Público do Ceará (MPCE) pediu pelo desaforamento em razão do "comportamento dos familiares da vítima, que coagiram testemunhas no curso do processo e ameaçaram o causídico (advogado) do acusado", segundo a decisão do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), proferida no dia 10 de fevereiro deste ano.
O Ministério Público do Ceará pediu à Justiça Estadual para levar George Tarick de Vasconcelos Ferreira a júri popular por homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima), o que foi atendido pela 1ª Vara da Comarca de Camocim, em fevereiro de 2023.
O ex-policial militar é acusado de matar a tiros Mateus Silva Cruz, dentro da Delegacia Regional de Camocim, na madrugada de 6 de fevereiro de 2022.
Mateus e um amigo foram vítimas de "uma série de agressões perpetradas pelo réu e por outros policiais", detidos e levados à Delegacia da Polícia Civil, segundo o Ministério Público.
Enquanto o jovem estava detido, "os demais policiais envolvidos na ocorrência transitavam livremente pelo local", narrou o MPCE. "Em certo momento, o réu adentrou na Delegacia e, de de forma inesperada, desferiu uma série de tiros contra a vítima Mateus, que foi a óbito no local", concluiu o Órgão. Há quem diga que foram cerca de 15 disparos.
O que diz a defesa
Segundo os Memoriais Finais da defesa do réu, George Tarick alegou que passava na frente da boate, quando "foi questionado por Mateus, pegando no seu braço de forma violenta, se ele iria entrar na frente de todos só porque era policial, ato contínuo ele desferiu um soco no rosto do denunciado e passou a gritar 'tu vai morrer, seu desgraça!'".
O ex-policial militar teria dado voz de prisão a Mateus Cruz, que teria resistido. "Com o apoio de viaturas policiais que foram acionadas, os envolvidos foram levados para a Delegacia de Camocim, onde a vítima continuou a proferir ameaças ao denunciado", relatou a defesa.
Por Tadeu Nogueira (com DN)