Nos anos de 1950, 1951, 1952 e 1953, na bonita cidade de Camocim, litoral norte do estado do Ceará, os políticos arregimentaram os seus partidos e seus cabos eleitorais para mais uma eleição.
Como toda boa cidade do interior, a política fervilha no sangue da população, porque nos municípios existe união entre povo e política. Portanto, a política dita o tom na vida da população. Evidentemente, naquela época em Camocim bombaram os comícios, políticos contratavam artistas para se apresentarem em shows nos clubes da cidade, animando todo o povo que ansiava por novas eleições.
Nesse tempo, o coronel Murilo Aguiar era o prefeito e estava concorrendo à reeleição. Uma liderança, um homem forte que influenciava em todos os municípios circunvizinhos.
Coronel Murilo (carinhosamente chamado pelo povo), oportunamente teve um fato-evento marcante que aconteceu no município. Talvez poucos saibam, mas a construção de casas populares em Camocim remonta ao século passado, mais precisamente ao ano de 1950.
Nessa época, durante a gestão do político cearense Armando Ribeiro Falcão, à frente do Instituto de Aposentadoria e Pensões Marítimas (IAPM), no governo do General Eurico Gaspar Dutra, a terrinha do pote teve uma obra decente, a Vila Falcão, em homenagem ao próprio ministro, que foi pessoalmente à inauguração.
Era um conjunto de casas populares que ficava na Rua José de Alencar, entre as ruas Santos Dumont e Humaitá. Podemos dizer que foi o primeiro conjunto residencial feito na terrinha do peixe.
A arquitetura original também já foi totalmente modificada, antigamente existia uma placa alusiva à obra e à vinda do famoso Ministro.
Depois de todos os protocolos relativos à inauguração, o Ministro Armando Falcão cumpriu outros eventos informais em nossa bonita cidade, antes, porém, ele chegara de uma forma bem pomposa, em um avião elegante da empresa aérea Real Aerovias Brasil no campo de aviação. Recepcionado por todas as autoridades locais, o ministro ficou hospedado na casa do Coronel Murilo Aguiar.
Após um descanso, fez questão de visitar figuras de alto valor político e social da cidade, uma delas o meu bisavô, Antônio Lira Rios, que morava na antiga Rua do Sol, hoje, Rua Santos Dumont, nas proximidades da Paróquia do Bom Jesus dos Navegantes.
Ao chegar à casa do Senhor Antônio Rios, Armando Falcão pediu para conhecer o interior da residência. Em seguida, sentou-se numa das cadeiras de balanço na sala de visitas, desenrolando variados assuntos referentes aos afazeres de Antônio Rios, que na época era administrador das salinas que pertenciam à família Sabóia de Sobral. Portanto, cerca de 500 pais de famílias trabalhavam nas salinas.
É lógico, meu bisavô era um cabo eleitoral fortíssimo da parte dos Aguiar. Muitas personalidades políticas estavam ali, dentre eles, o Padre Inácio, o prefeito, os vereadores da situação e representantes do município de Granja e distritos vizinhos.
Surpreendentemente, naquele momento, surge uma das filhas do sr. Antônio Rios, a sra. Marcilia Rios Campos, que há poucos dias tinha dado à luz a uma criança do sexo masculino, o seu quinto filho, Luiz Gonzaga Campos, que até então não tinha um padrinho em vistas.
Houve então, uma reunião rápida e tiveram a ideia de pedir ao proeminente Ministro para ser padrinho de batismo da criança que se encontrava no recinto com sua mãe. De imediato o Padre Inácio correu com seus obreiros, que abriram as portas da Igreja do Bom Jesus dos Navegantes exclusivamente para fazer o batismo da ilustre criança.
O Ministro ficou lisonjeado, aceitou o convite. Então, uma multidão entre políticos, autoridades e curiosos entraram no recinto da igreja para assistir a esse ato de fé cristã. Hoje, o Tio Luiz Gonzaga Campos (foto) é aposentado da Petrobras, é reconhecido como mestre do tempo e meteorologista oficial de Camocim.
Texto extraído do livro "História Política de Camocim", de Carlos Augusto P. dos Santos
Observação de Carlos Augusto: "O autor faz uma confusão evidente quanto às datas e aos fatos. Naquela época ainda não
havia o instituto da reeleição. Murilo Aguiar foi prefeito em Camocim de 1955 a 1958, portanto, a reeleição viria um pouco além do tempo em que se passou a história contada.
No
entanto, isso não invalida a veracidade do fato narrado. É possível que o autor esteja se referindo às eleições de 1958, quando Murilo Aguiar estava tentando fazer seu sucessor, no caso,
Carlos Trévia, que, ao final da campanha política, se elegeu prefeito".
Link para download: https://camocim.ce.gov.br/livros/
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