E EXALTA NOSSO EXTINTO FESTIVAL DE MÚSICA
Na radiadora de Itapipoca, Lucinha ouvia canções antigas, choros, sambas, Carmen Miranda. O locutor era o seu Cacita, e, pela cidade do interior do Ceará, só se ouvia o que ele gostava. Aos três anos, ela recorda, participou de um concurso e teve a voz eleita como a mais bela entre as crianças. Cantou A Turma do Funil - e não parou mais. Cantava na escola, em festa, mas a carreira de verdade, Lúcia Menezes inaugurou em 1988, quando se apresentou no Festival de Camocim, “era o maior evento musical do Ceará em 88. Cantei uma música do Marcílio Homem e uma do Pedro Magalhães. Acabei ganhando o prêmio de intérprete revelação e comecei a fazer shows, eu mesma fazendo minha produção”, lembra em entrevista concedida por telefone. Definir o repertório de Pintando e Bordando não foi tarefa fácil. Lucinha ouviu cerca de 3 mil músicas até chegar a uma lista de 20 para mostrar ao arranjador, José Milton. O resultado foi aprovado por Lucinha: “É um disco muito lindo, muito curioso, com músicas muito variadas. Tem uma que é uma toada sertaneja, do Sertão Central, Viola Cantadora, que nunca fez muito sucesso, mas é maravilhosa. E meu estilo sempre foi esse, ter vários estilos. Mas não tenho uma preferida. Começo a ouvir o disco e acho uma, depois acho outra, depois boto defeito em uma, em outra... Tem tanta coisa linda que é difícil dizer”.
A lista de faixas conta ainda com Terral, de Ednardo; Uva de Caminhão, celebrizada na voz de Carmen Miranda e uma das melhores interpretações de Pintando e Bordando; No Cordão da Saideira, de Edu Lobo, Samba do Grande Amor, de Chico Buarque; Mangaratiba, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, entre outras.
O lançamento de Pintando e Bordando acontece em abril no Rio de Janeiro. Em Fortaleza, as datas ainda estão sendo definidas, mas devem ficar em julho e agosto. Bom que dá tempo de ouvir o CD, aprender as músicas e aproveitar o show de Lucinha Menezes por aqui. Var ser imperdível. Leia a matéria completa no O Povo
Lá vou eu: Impossível esquecer os festivais de Camocim, especialmente esse que Lucinha cita na matéria. Quando leio uma artista como ela, que rodou meio mundo, citando nosso festival como o mais importante do estado na época, é que vejo o prejuízo cultural que tivemos quando decidiram exterminar esse evento da face de nossa cidade. Vários músicos que hoje ganham a vida com sua arte, foram alunos do grande músico Marcílio Homem, um profissonal que será sempre lembrado como ícone da época de ouro do movimento musical camocinense.
Postado por Tadeu Nogueira