O Brasil figura entre os países mais ansiosos do mundo, chegando a liderar o ranking no ano passado, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Apesar disso, uma expressiva parcela da população não busca suporte para a saúde mental.
De acordo com a segunda edição do “Panorama da Saúde Mental”, realizado pelo Instituto Cactus e Atlas Intel, 56% dos brasileiros afirmaram nunca ter procurado um profissional da saúde para lidar com transtornos de ansiedade.
Entre homens, a situação é pior e o índice chega a 65%. Os dados foram coletados no segundo semestre do ano passado por meio de um questionário on-line feito com 3.266 pessoas com mais de 16 anos de diferentes regiões do país.
Além da ansiedade, apareceu a principal preocupação da população: 82% afirmaram que é a situação financeira. A consequência disso são problemas na hora de dormir.
Segundo o levantamento, 56% perdem o sono por causa das preocupações, 71% dormem menos de 6 horas ao menos uma noite e 16% usam medicamentos para dormir com prescrição médica.
Para a pesquisa, foi calculado ainda o Índice Contínuo de Avaliação da Saúde Mental (ICASM), que determina o estado geral da saúde mental da população brasileira.
De uma escala de 0 a 1.000, o ICASM brasileiro foi de 640 em uma avaliação que considerou três dimensões consideradas em pesquisas de saúde mental em nível global: confiança, vitalidade e foco. Ajuda para lidar com ansiedade.
O índice de brasileiros que nunca buscaram um especialista para lidar com a ansiedade foi de 55,8% com percentual de 65,4% de homens. “Ainda que pesquisas mostrem que homens são menos afetados por transtornos mentais que as mulheres, não podemos ignorar como as convenções sociais ainda tratam as queixas relacionadas a saúde mental como algo inversamente proporcional a masculinidade, o que pode contribuir para que menos homens procurem ajuda”, conclui o relatório.
Psicólogo clínico e neurocientista, Julio Peres diz que os transtornos de ansiedade estão aumentando, principalmente nos centros urbanos, e que são condições que precisam de acompanhamento especializado, tanto em mulheres quanto em homens.
“Ansiedade em uma palavra é medo e, dificilmente, os homens assumem seus medos. Há facetas da ansiedade, como o transtorno do estresse pós-traumático, do pânico e fobias específicas, e, caso não sejam cuidadas ou tratadas, podem se tornar crônicas e evoluir para doenças psiquiátricas. É um tema fundamental para a vida e para a qualidade da existência”, alerta.
Por Tadeu Nogueira (com Veja)