segunda-feira, 14 de julho de 2008

BREVES RECORDAÇÕES

Passeando pelas ruas de minha bela cidade, vêm a minha mente rápidas recordações de minha infância. Vendo a Praça do Coreto (agora em reforma), lembro-me da época em que estudava na escola “O Cebolinha”: a farda , os passeios, a inocência. Com a mudança para o “1º grau menor”, lembro-me de coisas simples como a caminhada até a E.E.F.M. João da Silva Ramos, que hoje é um CEJA. Aquela farda com camisa branca (bolso com brasão do Estado do Ceará no lado esquerdo do peito) e aquela saia azul. Também não poderia me esquecer das histórias assombrosas que ouvíamos dos colegas, como a da Mulher de Algodão, que aparecia nos banheiros e assustava as criancinhas. E, deixando um pouco o lado ficção, poucas eram as crianças que na minha época não tinham medo do Zé Bode, aquele senhor que sempre caminhava com uma madeira na mão. E o Camarada? Aquele que adorava rapadura e que em cada bolso da camisa levava uma? Figuras que marcaram. Tempos bons aqueles. Tempos em que meu irmão brincava com “playmobil” juntamente com seus amiguinhos da vizinhança. Eu, como não tinha muitas condições, brincava com umas bonequinhas de papel que eram vendidas não me lembro onde. E por falar em coisas que as crianças amam, veio a minha lembrança o fato de criança amar comer “besteiras”. Eu, por exemplo, adorava ficar doente, porque era quando papai comprava coca-cola e biscoito pra mim na mercearia do Bebé. Ou então grapette. Ah, grapette é a cara da minha infância em Camocim. Passando pelo mercado, lembro-me da época em que havia uma televisão no centro da praça que fica ao lado dele. Se não me engano, ela estava ali porque poucos eram os que possuíam uma televisão naquela época. Além disso, recordo-me das cordas de caranguejo que meu pai comprava ali nos dias de domingo. Era costumeiro comermos caranguejo, farinha e feijão. Era tão bom! Mas, voltando ao mercado, é nele que comprávamos o chá-de-burro e onde ainda compro, quando visito Camocim. Entretanto, retornando por vezes a minha cidade natal, percebo que os olhos de uma criança são muito limitados. A rua José de Alencar, onde eu morava, parecia imensa e da minha casa até a rodoviária parecia muito longe. E hoje vejo que não é nada disso, que o pouco que eu conhecia de minha cidade e que achava ser imenso é talvez apenas um décimo dela. Quando criança, nem sabia que existia a praia de Maceió e só havia ido uma vez ao outro lado (Ilha do Amor). Embora tenha feito essas descobertas, sei que ainda conheço pouco da minha cidade e do meu povo. Cada dia que volto aqui descubro mais coisas e isso me faz ter mais vontade de retornar, principalmente porque sei que, embora lentamente, a tendência dela é progredir. Só queria que meu povo fosse mais valorizado, que ninguém precisasse sair dessa cidade para poder crescer, que existissem mais projetos sociais, cursos profissionalizantes, e que as crianças e adolescentes não se envolvessem tanto com drogas, prostituição e roubos. Não queria que isso fosse apenas um desejo, um sonho ou um conjunto de promessas políticas (que quase sempre não são cumpridas), mas que fossem uma realidade, uma realização, uma conquista.

Postado por Adriana Belchior