
"A pescaria está mais difícil... A lagosta está barata". Assim Antônio Carlos de Oliveira, de 44 anos de idade, 30 de trabalho, resume os problemas que enfrenta, antes de o sol nascer, prestes a deixar o porto de Camocim, a 369 quilômetros a oeste de Fortaleza, para arriar os manzuás que garantirão a lagosta para o seu sustento e dos quatro pescadores contratados para tripular seu bote nos próximos 10 a 15 dias, a 15 milhas da costa.Pai, tios e primos pescadores, numa tradição que vem sendo rompida, espera outra vida para as filhas, que, diferentes dele, frequentam a escola: "Se tivesse filho homem, ia fazer de tudo pra não ir para a pesca, que é muito difícil". Os baixos estoques, assim como a queda no preço da lagosta são os principais motivos de reclamação de dez entre dez pescadores. Amante da aventura, Raimundo Nonato da Silva (foto), de 45 anos, já chegou a passar 20 dias no mar, em Camocim, e não foge à regra básica do ofício: é filho de pescador e com ele aprendeu o que sabe, ainda criança. Indiferente ao ir e vir constante de turistas na praia de Jericoacoara, prossegue com seu ofício. Quando não está no mar, guiado pelas estrelas, em uma pequena canoa para pesca em dupla, trabalha na manutenção dos equipamentos. Seu horário de trabalho é regulado pela maré. Sai 1 ou 2 horas da madrugada, retorna às 9 ou 10 da manhã. O peixe e o camarão são vendidos ali mesmo, na praia.
Fonte: DN, com reportagem de Maristela Crispim
Postado por Tadeu Nogueira às 06:12h