sábado, 8 de março de 2014

DIA DA MULHER: ENTENDENDO A IMPORTÂNCIA DA DATA

Olá caros leitores do Camocim Online. Fui convidada a escrever alguma reflexão sobre o Dia Internacional da Mulher, comemorado neste sábado, 08 de março. Essa foi uma boa surpresa que me levou a pesquisar e entender melhor algumas coisas que dividirei com vocês. Espero que apreciem.
Assim como toda data tida como importante, como as Festas Natalinas e a Páscoa, por exemplo, nós corremos o risco de não nos aprofundarmos a respeito do que comemoramos nesse dia e, assim, também de tornarmos essa data apenas mais uma data vazia e sem significado. Aonde quero chegar: o dia 08 de março não pode se resumir num dia em que as mulheres ganham flores, bombons, homenagens musicais e lembrancinhas. Não é questão de ser totalmente contra o comércio voltado para esse público, entendam! É um apelo para que todas as pessoas, homens e mulheres, entendam a simbologia da data, e reflitam sobre todas as lutas das mulheres ao longo da história, além de se mobilizarem, como puderem, para que as disparidades nos tratamentos – na efetivação dos direitos – sejam cada vez mais reduzidas. Que haja mais respeito, de verdade, às mulheres e às suas capacidades.
É bom e bonito ganhar flores, cartões, bombons, ser homenageada, se sentir ainda mais especial e amada pela família, diga-se pais, filhos, namorado ou esposo. Sentir-se importante é ótimo, quem não ficaria feliz com agrados desse tipo? Mas não podemos ficar só nisso.
O primeiro passo é lembrar que a data foi instituída pela ONU nos anos 70 e faz memória ao episódio de um incêndio de uma fábrica de tecidos no dia 08 de março de 1857. Operárias desse estabelecimento, situado em Nova Iorque, nos Estados Unidos, fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como, redução na carga diária de trabalho para dez horas, equiparação de salários com os homens e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho. A manifestação foi reprimida com total violência. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas. No ano de 1910, durante uma conferência na Dinamarca, ficou decidido que o 8 de março passaria a ser o "Dia Internacional da Mulher", em homenagem às mulheres que morreram na fábrica em 1857. Só posteriormente a data foi oficializada pelas Nações Unidas. 
Depois desse pequeno histórico, vale pensar na situação das mulheres dentro de um contexto um pouco mais atual. Nem sempre as mulheres puderam votar (no Brasil apenas a partir dos anos 30), nem trabalhar fora de casa, e durante décadas o seu papel foi limitado a cuidar das crianças, da casa e do marido. Esse pensamento persiste ainda para algumas pessoas. Hoje as mulheres trabalham fora e são tão competentes (ou até mais, dependendo da atividade) quanto os homens. Aguentam todas aquelas coisas que todo mundo sabe. São elas que engravidam, que amamentam, que tem cólicas e a ‘responsabilidade histórica’ do cuidado, geral. Muito já foi conquistado, porém ainda há muitas desigualdades que devem ser combatidas. Vamos a alguns números: Seis em cada 10 brasileiros conhecem alguma mulher que foi vítima de violência doméstica – Machismo (46%) e alcoolismo (31%) são apontados como principais fatores que contribuem para a violência. (Pesquisa Percepções sobre a Violência Doméstica contra a Mulher no Brasil, realizada pelo Instituto Avon / Ipsos entre 31 de janeiro a 10 de fevereiro de 2011); Do ano 2000 ao ano de 2010 a diferença salarial entre homens e mulheres diminuiu. Elas tiveram um ganho real de salário de 13,5% em comparação com o ano 2000. A mulher passou a ganhar 73,8% do rendimento médio de trabalho do homem. (Censo); [por que o ganho ainda não é igual para uma mesma qualificação?]
Ainda há outros pontos que são diariamente debatidos nas redes sociais, por exemplo, e em outras mídias: o feminismo e o machismo, a exploração da moda e da beleza, o mito do corpo perfeito, os padrões morais de sexualidade que estimulam a violência e a discriminação racial e de gêneros (estereótipos comportamentais e físicos), e aí podemos citar a Lei Maria da Penha (conheça AQUI). Muitos temas para serem debatidos em tão pouco tempo e espaço – Tadeu, depois eu quero falar melhor desses temas, viu?!
Pra fechar, mais um trecho interessante que encontrei: “É fato que a legislação sobre a violência doméstica já trouxe alguns resultados. Comparando dados de pesquisas da Fundação Perseu Abramo feitas em 2001 e em 2010, homens e mulheres estão mais cientes de que um agressor pode ser condenado à prisão - e não apenas a pagar com cestas básicas. Segundo as duas edições da pesquisa de opinião, a frequência de agressões físicas caiu, mas bem pouco. Antes da lei, uma mulher era espancada a cada 15 segundos no país. Em 2010, a cada 24 segundos. Melhorou, mas a situação ainda suscita vergonha e não aplausos, seja de quem for. Num ranking da Organização Mundial de Saúde, o Brasil aparece como o sétimo país com mais homicídios de mulheres, com uma média de 11 casos por dia.”
É isso, eu quis com esse texto mais informar e suscitar debates do que apenas ‘homenagear’ as mulheres que, aliás, estão mesmo de parabéns por suportarem as dificuldades nossas de cada dia. Especialmente minha mãezinha, rs!
Nandy Cunha (Estudante de Direito)