segunda-feira, 21 de julho de 2014

EDUCAÇÃO E LITERATURA SOFREM DUAS GRANDES PERDAS

O escritor Rubem Alves, que morreu no sábado (19), deixou uma carta para os filhos, escrita em 2005, contando como queria que fosse o seu velório. A carta foi entregue ontem por Carlos Rodrigues Brandão, amigo do escritor, no velório que aconteceu na Câmara Municipal de Campinas. Na carta, Rubem Alves (foto) pede para que familiares lessem no velório o poema "Elegia", de Cecília Meirelles, além de outros textos de Fernando Pessoa, Manoel Bandeira e Vinicius de Moraes. Rubem Alves morreu às 11h50 de ontem, aos 80 anos, por falência múltipla dos órgãos. Leia um trecho da carta deixada por Rubem Alves:
"Sou grato pela minha vida. Não terei últimas palavras a dizer. As que tinha para dizer, disse durante a minha vida. Recebi Muito. Fui muito amado. Tive muitos amigos. Plantei árvores, fiz jardins. Construí fontes, escrevi livros. Tive filhos, viajei, experimentei a beleza, lutei pelos meus sonhos. Que mais pode um homem desejar? Procurei fazer aquilo que meu coração pedia.
Não tenho medo da morte, embora tenha medo do morrer. O morrer pode ser doloroso e humilhante, mas à morte, eis uma pergunta. Voltarei para o lugar onde estive sempre, antes de nascer, antes do Big Bang? Durante esses bilhões de anos, não sofri e não fiquei aflito para que o tempo passasse. Voltarei para lá até nascer de novo."
Rubem Alves nasceu em Boa Esperança, no sul de Minas Gerais, no dia 15 de setembro de 1933, e morava em Campinas, onde mantinha um instituto para promover a inserção social por meio da educação. O Instituto Rubem Alves também dá assistência a educadores.
Além de escritor e pedagogo, Rubem Alves era poeta, filósofo, cronista, contador de histórias, ensaísta, teólogo, psicanalista, acadêmico e autor de livros para crianças. É considerado uma das principais referências no pensamento sobre educação e tem uma bibliografia que conta com mais de 160 títulos distribuídos em 12 países. 
O corpo do escritor e educador Rubem Alves foi cremado na tarde de domingo (20), em Guarulhos, na Grande São Paulo. A cerimônia da cremação será restrita à família e as cinzas foram espalhadas sob um ipê amarelo, atendendo a um desejo do escritor. Na sexta-feira (18), no Rio de Janeiro, faleceu outro grande nome da literatura nacional. O escritor e jornalista João Ubaldo Ribeiro foi vítima de uma embolia pulmonar. Seu corpo foi sepultado no Mausoléu da Academia Brasileira de Letras, que fica na capital carioca. 
Postado por Tadeu Nogueira às 07:41h