sexta-feira, 25 de julho de 2014

ISRAEL FEZ USO "DESPROPORCIONAL" DA PALAVRA

Não concordei com o teor da nota do Itamaraty, emitida na última quarta-feira (23), quando diz que o Brasil desaprova o uso desproporcional da força por parte de Israel, se referindo aos bombardeiros direcionados à Faixa de Gaza, que Israel alegar ser uma defesa contra os foguetes disparados pelo Grupo Terrorista Hamas. O que não concordo especificamente na nota, é que ela não desaprova também as ações do Hamas. Que eu lembre, essa é a primeira vez que o Brasil sai de cima do muro e opina diretamente sobre um conflito armado dessa magnitude histórica. 
Por outro lado, mesmo respeitando profundamente Israel no seu direito de responder à nota do Brasil, discordei da forma como fizeram isso. Na resposta, não havia a necessidade de chamar o meu país de "anão diplomático", de país "irrelevante" e ainda, de forma irônica, algo que não cabe em meio à morte de homens, mulheres e crianças, afirmar que desproporcional é perder de 7 a 1, numa referência à derrota do Brasil para a Alemanha na Copa do Mundo deste ano. 
Eu entendo o momento pelo qual passa Israel, eu não quero entrar no mérito de quem tem razão nessa eterna guerra, até porque eu já falava sobre esse tema e seus motivos quando ainda cursava o ensino médio no Colégio Padre Anchieta, com minha sempre culta e discreta Professora Maciel, mas de toda essa reação Israelense contra o que meu país disse, eu só queria saber como é que uma autoridade foi capaz de, em meio à sirenes e foguetes desabando sobre sua cabeça, incluir o futebol em uma discussão tão séria, e profundamente dolorosa, sobretudo para os civis de ambos os lados. Nesse caso Israel trocou a razão pela emoção. 
Podemos ter nossos defeitos como país, e qual país não os têm, mas posso afirmar que eles são ínfimos se comparados aos que assolam Israel. No meu país, não criei minhas filhas tendo que orientá-las sobre o procedimento de evacuação imediata diante do toque de uma sirene, no meu país, não fui obrigado a saber usar um fuzil, e se na opinião de Israel, somos "anões da diplomacia", para o resto do mundo, somos gigantes em alegria, em solidariedade, sabemos viver em harmonia entre tantos credos, entre tantas ideias divergentes, contrapondo quando preciso, não com a força bélica, mas com a potente arma do argumento. Se meu país não foi feliz na forma como se manifestou sobre o conflito alheio, Israel foi mais infeliz ainda ao não ter aproveitado a oportunidade para se mostrar grande diplomaticamente na resposta. Preferiu, novamente, agir de forma desproporcional. 
Postado por Tadeu Nogueira às 07:06h