Amigos me pedem para falar um pouco de J. Macêdo,
o rapazola que saiu de Camocim para ser um dos maiores empresários do país. Sua
história de sucesso é contada e recontada em livros, reportagens e documentários.
Já tratamos inclusive da sua trajetória política no Blog Camocim Pote de
Histórias, na Série Parlamentares Camocinenses. Mas, o que liga a história e a
figura de José Dias Macedo (J. Macêdo) a Camocim além de ter sido seu
lugar de nascimento? Há quem diga, que o mesmo fez ou faz muito pouco pela sua
cidade natal. Não quero entrar nesse mérito, afinal de contas um empresário do
seu porte aprendeu onde e como investir seu dinheiro. Lembro ainda do seu
discurso de inauguração do Colégio Georgina Leitão Macêdo quando pedia
desculpas aos vizinhos pelos transtornos que a obra tinha provocado e de uma
breve referência, entre o cômico e o irônico, sobre os preços que teve de pagar
por umas casinhas para que o empreendimento escolar pudesse ter aquela
estrutura. Para mim, o importante é o fato de o grande empresário não
negar suas origens, escrevendo nossa cidade na história empresarial e
industrial do país. Do alto dos seus 94 anos, pelo menos as lembranças da
infância são imorredouras, como as relatadas ao jornalista João Soares Neto:
"Embora eu morasse em uma casa simples e
fosse um menino pobre, nunca senti essa pobreza porque sempre fui muito bem
alimentado e contei com a convivência de uma família com muitos irmãos e tios.
Contei também com pai e mãe muito empenhados com a formação dos filhos. Nasci
em uma cidade praiana e na praia tem sempre o que comer. Tem também muito
espaço para a gente se divertir. Costumávamos atravessar o rio Coreaú numa
canoa à vela para ir tomar banho de água doce nas lagoas formadas entre as
dunas. Existiam muitas lagoas. Como a gente tomava banho pelado, os meninos
ficavam separados das meninas. Cada qual em uma lagoa. Na época de caju, a
gente se reunia para chupar caju e assar castanha. Meu pai sempre levava a
gente para passar as férias em um lugarzinho perto de Massapé, chamado Riachão,
por onde passava a estrada de ferro, e ali a gente tinha contato com outras
pessoas. Era muito bom. Camocim, comparado com Riachão, era uma cidade
avançada, tinha porto e o trem estacionava dentro da própria gare. Era uma
festa a espera do trem nos dias de domingo. Quer dizer, fui um menino pobre,
mas com uma infância muito saudável".
Carlos Augusto Pereira dos Santos
Fonte
entrevista: www.joaosoaresneto.com.br/entrevistas_dias_macedo.asp