Foi capa da edição desta quarta-feira (29) do Diário do Nordeste, reportagem que denuncia a situação de sofrimento da zona rural de Granja. Segue a matéria:
Há pouco mais de dois anos, o motorista
José Eudes da Rocha sofre com a falta de água, tanto para seu
consumo, como para suprir as necessidades diárias da família. Antes de
qualquer atividade, o motorista se desloca, cerca de três
quilômetros, ainda de madrugada, para garantir um espaço na
fila que se forma ao redor do único poço que abastece a comunidade de Vila
Nova, no distrito de Parazinho, zona rural de Granja.
Acionado, pela primeira vez, às 5h da manhã,
o motor que garante água nas vasilhas e baldes das 45
famílias que formam a comunidade, não tem dado conta da demanda.
Com a pouca vazão, a água logo acaba, gerando uma situação
desconfortável e de total insatisfação.
Mesmo sendo acionado mais quatro vezes, ao longo do dia,
o motor não garante um volume de água suficiente para encher os vasilhames, apesar da capacidade da caixa
chegar a 5 mil litros. A água fraca que escorre da torneira
piora a situação ao forçar os moradores a
uma espera constante, sob sol intenso, característico da região.
Para tentar resolver o problema, José
Eudes tomou a iniciativa de criar um abaixo-assinado,
onde os moradores cobram a Prefeitura de Granja por solução, ou, pelo
menos, medidas paliativas que minimizem o impacto
causado pela falta de abastecimento.
"Eu apresentei as assinaturas na Prefeitura, mas
nada foi resolvido. O que houve foi uma manutenção da bomba do poço, que ficou
parado por uns dias. Enquanto isso, fomos atendidos por dois
carros-pipa, mas o problema continua. Todos estamos sendo
prejudicados", reclama.
Enquanto isso, alguns moradores têm comprado
galões de mil litros, pagado o frete dos carros, ou
abastecido em poços particulares, localizados a alguns
quilômetros da Vila. Cada frete chega a custar R$ 30. Houve quem se arriscasse a cavar poço por conta própria, mas
não obteve êxito. O irmão do pedreiro Romero Rodrigues chegou a gastar R$ 8 mil, na
tentativa de encontrar água, mas foi em vão. Romero teve mais sorte,
mas para isso vendeu sua moto para investir R$ 14,5 mil na execução do trabalho.
"Eu não aguentava mais ver meus quatro filhos
pequenos e a esposa passarem por necessidade, sem ter uma gota de água em casa. Temos
mesmo é que lutar por mais opção de água aqui na nossa comunidade; um
poço apenas não resolve", lamenta.
"A situação é bastante difícil. Tem
gente que já foi embora porque não tem como morar num lugar
sem água. O único poço que serve a todas as famílias tem pouca vazão, e a água
não é suficiente para atender a todos", diz Edilson Ferreira de Sousa, Aposentado.
"A gente tem resistido como pode. Como a água que sai do poço
não dá para muita coisa, compramos mais para dar conta das nossas
necessidades. Eu chego a pagar R$ 30 por entrega de água, que vem de outra
localidade", diz Raimundo Nonato Amorim, Agricultor. Leia mais no DN (AQUI).
Postado por Tadeu Nogueira às 09:05
Foto: Marcelino Júnior