sexta-feira, 29 de julho de 2022

VIVA ÀS VACINAS! VIVA À CULTURA! FESTIVAL DE QUADRILHAS DE CAMOCIM ESTÁ DE VOLTA!

Por Paulo Emanuel Lopes*

Terça-feira (26/07) saiu uma notícia no O POVO Online muito importante para nós, cearenses: na quinzena de 03 a 17 de julho, o Estado do Ceará apresentou importante queda no número de casos de Covid - redução de cerca de 90% de casos confirmados (1).

Essa melhora vem após um período crítico, pois recém vivemos uma forte quarta onda. Neste mês de junho, por exemplo, tivemos a semana em que, desde o início da pandemia, foram registrados mais casos simultaneamente: 27,4 mil cearenses positivaram ao mesmo tempo em apenas 07 dias.

Durante esta quarta onda, certamente aumentou a demanda de trabalho dos profissionais de saúde. Mas não podemos falar que houve, no período, uma crise no sistema de saúde - ainda mais se compararmos às tragédias que foram as primeira e segunda ondas.

A eficácia das vacinas diante da doença já mostra resultados claros no Brasil desde o final do ano/início de 2022, quando vivenciamos a 3º onda. Fico pensando onde estão aqueles que diziam que as vacinas eram um problema, e não uma solução - votos, charlatanismo e campanha política às custas da saúde da população.

Então, graças à ciência e às vacinas, após dois anos de interrupção, neste fim de semana o ar de música está de volta a Camocim! A cidade está agitada com a realização do 32º Festival de Quadrilhas - as grandes festas retornam e as pessoas podem matar a vontade de se confraternizar, abraçar, paquerar, dançar.

Mas para além das apresentações de dança folclórica, Camocim já foi famosa pela realização de um outro tipo de competição artística. Com a chegada do Festival, não tinha como não falar de (e recomendar!) um livro que li recentemente.

No início do ano a Prefeitura financiou a publicação de 04 livros contando a história de Camocim. A “Série História Camocinense” é uma iniciativa da gestão municipal que editou e publicou, em parceria com o historiador e Professor-Doutor Carlos Augusto, trabalhos de conclusão de curso de 04 novos historiadores camocinenses.

Um desses é o “Camocim respirava esse ar de música”, do professor Francisco da Paz Pessoa (prof. Sílvio Paz), que conta a história e memória dos festivais de música na cidade entre os anos 1986 e 2003. O “Festival de Música de Camocim” premiou, no decorrer desses anos, os melhores intérpretes e compositores do Estado, atraindo grandes nomes da música e a atenção da mídia em Fortaleza.

O Festival da Música de Camocim, conta o professor Sílvio Paz, é a inspiração local tardia dos populares festivais de música que fizeram muito sucesso no Brasil, transmitidos pela televisão entre os anos 1960 e 1970. Naquele tempo, nomes como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa, Jorge Ben Jor, Rita Lee e o nosso conterrâneo Raimundo Fagner surgiram para o grande público - a Música Popular Brasileira (MPB) parece, assim, ser uma "herança positiva” que os festivais relegaram ao Brasil.

“O Festival de Música de Camocim foi um certame musical competitivo (...) criado na administração da prefeita Ana Maria Beviláqua Moreira Veras (1983-1988) (...) que impulsionou a história da música e da arte, com a criação do festival e outros eventos na área, como o Festival de Violeiros, o Salão de Artes Plásticas e o Festival de Quadrilhas Junina.” (2)

O autor conta que, assim como hoje, o objetivo com a realização do Festival de Música era movimentar a cidade atraindo visitantes, já que o turismo começava a despontar como uma possibilidade real de gerar emprego e oportunidades na cidade.

O mais legal é que, por ser uma pauta cultural forte (premiação de músicas autorais e intérpretes), o Festival de Música de Camocim recebeu muita atenção da mídia em Fortaleza, ajudando a divulgar, gratuita e positivamente, a cidade entre os patrícios da capital.

O que podemos refletir a partir das recordações do nosso festival de músicas e da continuidade do festival de quadrilhas, um dos mais tradicionais do Estado, é a importância do investimento em cultura. Quem chama isso de gasto não enxerga o retorno financeiro que a Coreia do Sul está recebendo por fenômenos como o BTS, ou o valor geopolítico de uma indústria cinematográfica hollywoodiana.

Mas, para além do retorno financeiro, o investimento cultural contribui também para a formação de uma sociedade mais crítica e consciente. Não à toa, os que estão hoje no poder e diziam que as vacinas não eram confiáveis são os mesmos que puseram fim ao Ministério da Cultura do Brasil.

32º Festival de Quadrilhas de Camocim, seja bem-vindo! Que seja em paz e segurança para todos!

P.S. Os outros livros da coleção “Série História Camocinense” lançados em janeiro pela Prefeitura foram “As cantorias nas ondas do rádio AM de Camocim”, “Miolo de Pote” e “Depois da meia noite: lendas e mitos que narram o cotidiano de Camocim”. Eles estão disponíveis gratuitamente em formato digital no site da Prefeitura de Camocim através do link https://camocim.ce.gov.br/livros/

*É Jornalista e Publicitário.
(1) https://www.opovo.com.br/coronavirus/2022/07/26/covid-19-ceara-apresenta-queda-de-casos-e-sai-do-periodo-critico-da-4-onda.html
(2) PESSOA, Francisco da Paz; SANTOS, Carlos Augusto Pereira dos. Camocim respirava esse ar de música, p. 34 e 35.