sábado, 21 de outubro de 2023

"ZÉ DA GUERRA" - O PRACINHA CAMOCINENSE NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Ele nasceu fortalezense, no dia do padroeiro de todos os cearenses, São José (19 de março de 1924), mas morreu camocinense (29 jan. 2001). 

Entre estes dois marcos de sua vida de 77 anos, José Batista Barbosa, o popular "Zé da Guerra" foi um daqueles homens que tinham realmente muitas histórias para contar. Como o próprio apelido aponta, ele foi um dos pracinhas do Brasil que participou da contrapartida brasileira no esforço dos Aliados na Segunda Guerra Mundial contra o Eixo.

Segundo dados de uma biografia feita por familiares de "Zé da Guerra", aos dezoito anos ele “ingressou no Exército Brasileiro para cumprir o serviço militar obrigatório, na cidade de Fortaleza, porém, para o cumprimento do serviço militar, teve de embarcar em navio para a cidade de Belém rumo à 8ª Região Militar, onde veio se especializar em soldado combatente em Artilharia Antiaérea, manuseando metralhadora Tripé Calibre 50”. 

Por ser da artilharia, "Zé da Guerra", ainda segundo o documento familiar, foi o único soldado artilheiro a representar o Estado, posto que a maioria dos soldados convocados para o esforço de guerra eram da infantaria e ficaram de sobreaviso aguardando chamado, mas que não vieram realmente a combater. 

Desta forma, quando eu era adolescente, sempre ouvia alguém dizer que o "Zé da Guerra" não tinha ido ao teatro da guerra, fato este que a família esclarece neste documento, dentre outros utilizados para receber uma indenização do Governo Federal. 

De volta da guerra, onde combatera no “Segundo Escalão da Força Expedicionária Brasileira que participou ativamente ao lado das tropas americanas, nos combates nos Alpes italianos”, os pracinhas foram recebidos no Porto do Rio de Janeiro e saudados com discurso do Presidente Getúlio Vargas. 

"Zé da Guerra", homenageado com a Medalha de Campanha, dentre outros documentos, pede transferência para o 23º BC - Batalhão de Caçadores e «em seguida deu baixa no serviço militar». 

Aos vinte e três anos, procurando por parentes, acaba vindo para Camocim, onde estabeleceu-se como mecânico de máquinas na antiga REFFSA, emprego este garantido por Decreto Federal para quem havia sido declarado ex-combatente. Casou-se com Maria Torres Barbosa, com quem teve vários filhos.

Texto extraído do Livro "Miolo de Pote", de Carlos Augusto P. dos Santos