Casos de infartos em corridas de rua em várias partes do Brasil têm sido vistos cada vez nos últimos meses. O que está havendo?
Em evidência no país, a corrida vem conquistando adeptos de diferentes modalidades e tem se tornado cada vez mais comum encontrar corredores pelas ruas dos centros urbanos.
No Brasil, mais de 13 milhões de pessoas correm pelo menos uma vez na semana, de acordo com o estudo “Por dentro do corre”, realizado entre maio e outubro de 2024 pela Olympikus e Box 1824.
Conforme os dados, a corrida é considerada o quarto esporte mais praticado no país e somente atrás da caminhada, musculação e futebol. Para 77% dos 2 mil entrevistados, corrida não é apenas um esporte, mas um estilo de vida.
Ao todo, duas mil pessoas foram entrevistadas. Em média, o corredor brasileiro corre 9,2 quilômetros, três vezes na semana.
No entanto, quase metade das pessoas, 47%, afirmam correr até cinco quilômetros. A maior parte dessas corridas, 66%, acontecem nas ruas.
Entre os principais motivos que levaram as pessoas a correr está a busca para melhorar a saúde mental. Ainda, para 66% dos entrevistados o objetivo principal da corrida é sempre superar os limites do corpo. No entanto, é preciso estar atento à própria saúde.
Em entrevista à CBN Joinville, a médica cardiologista Esther Botelho afirma que os acidentes cardiovasculares causados por prática esportiva têm gerado preocupação nos últimos anos entre os profissionais da saúde.
Uma das medidas preventivas a qualquer complicação no coração é que pacientes acima de 40 anos façam consultas anuais com um cardiologista.
Para quem já tem histórico familiar ou outras condições de saúde, o acompanhamento deve acontecer a partir dos 30 anos.
Para quem tem interesse em começar a praticar qualquer esporte, mesmo que uma corrida informal ou atividades mais intensas, a principal orientação é procurar um cardiologista e realizar exames específicos, por meio da avaliação pré-participação (APP), para evitar possíveis complicações, de acordo com a médica.
No atual cenário, a doutora explica que os fatores de risco à saúde aumentaram, principalmente entre os mais jovens.
— Essa geração cresceu comendo fast food, foi mais exposta ao tabagismo, muitas pessoas que estão começando na corrida eram sedentárias antes. Então temos mais pessoas na faixa de 20 a 30 anos com problemas que às vezes os pais não tinham — explica.
Para exercícios mais intensos, como corridas ou provas mais avançadas, é necessário que o corredor, na maioria das vezes amador, tenha acompanhamento durante a execução da atividade física e passe por exames periódicos.
— Quando pegamos as causas dessas paradas cardíacas no esporte, às vezes o pessoal acha que são doenças raras e na verdade é entupimento de vasos cardíacos, que é o mesmo que encontrávamos em pessoas mais idosas e agora estamos encontrando em pessoas mais novas — afirma.
Além disso, também é importante estar atento a qualquer alerta que possa desencadear algum problema mais grave, como sensação de desmaio, dificuldade para respirar e a progressão do exercício.
